Fundador da Prevent Senior: ‘estudo não comprova eficácia da cloroquina’

Fernando Parrillo. Foto: Reprodução/Facebook

O fundador da operadora de saúde Prevent Senior, Fernando Parrillo, afirmou que o estudo conduzido pela empresa não prova a eficácia do medicamento hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19.

A afirmação foi dita em entrevista ao jornal “Folha de São Paulo”, veiculada nesta quinta-feira (23), um dia após o diretor-executivo da empresa, Pedro Benedito Batista Júnior, prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado Federal.

A empresa é suspeita de ter ocultado, em estudo sobre a cloroquina, o número de mortes de pessoas em tratamento contra a Covid-19.

A instituição teria adotado um protocolo de administrar medicamentos – como cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina – sem comprovação de eficácia para o tratamento da Covid-19 com o acompanhamento do governo federal.

Além disso, a operadora de saúde é acusada de ter coagido médicos para que adotassem o protocolo de aplicar as drogas em pacientes sem o conhecimento deles ou dos familiares.

“Não foi usado placebo nem duplo cego, não foi randomizado, como se deve fazer em trabalhos desse tipo. Não faria sentido fazer uma pesquisa no meio da pandemia. Somos uma empresa privada, paga para salvar vidas”, defendeu o empresário ao afirmar que não houve comprovação de que os medicamentos utilizados na pesquisa têm eficácia contra a Covid-19. Além da hidroxicloroquina, foram testadas substâncias como azitromicina, suplemento de zinco, potássio e vitamina D.

“O nosso artigo não prova que essas drogas funcionam porque, para isso, precisaria de pesquisa científica”, afirmou Parrillo.

Questionado se houve adulteração dos resultados do estudo, Parrillo negou. Ele explicou que um médico demitido da organização entrou em uma planilha do sistema e alterou os dados. Além disso, Fernando afirmou que não houve ocultação do número de mortes, diferentemente do que diz a CPI. De acordo com o estudo da Prevent Senior, ocorreram apenas dois óbitos. No entanto, dados obtidos pela comissão mostram que nove pessoas faleceram.

“Essas sete mortes ocorreram depois que o estudo estava fechado. O prazo de observação dos pacientes era de 26 de março a 4 de abril de 2020. Nesse período, dois pacientes faleceram, um de problemas cardíacos e outro de câncer”, justificou.

Outra acusação levantada pela CPI é de que a empresa teria alterado o Código Internacional de Doenças (CID) dos pacientes que faleceram de Covid-19. Nas certidões de óbitos, a causa da morte está relacionada a outras doenças, mas o prontuário das vítimas mostra que elas estavam acometidas pelo novo Coronavírus.

Segundo Parrillo, a alteração foi realizada para que os pacientes pudessem deixar o isolamento. “Mudávamos o CID para a pessoa sair do isolamento. Depois desse período de 14 a 21 dias, é muito difícil que ela contamine alguém, sendo desnecessário ficar isolada”, disse.

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