Flávio Dino: ‘Com silêncio, Bolsonaro está estimulando arruaças nas rodovias’

Bloqueio na Fernão Dias. Foto: Reprodução/TV Globo

Bloqueio na Fernão Dias. Foto: Reprodução/TV Globo

Protestos de caminhoneiros em diversos estados brasileiros, iniciados na noite de domingo (30), atrapalharam o trânsito nas rodovias. Os manifestantes, contrários ao resultado das eleições, fecharam, total ou parcialmente, as estradas usando os próprios veículos como bloqueio ou ateando fogo em pneus e outros materiais.

O senador maranhense Flávio Dino, eleito pelo PSB, declarou que o silêncio de Jair Bolsonaro sobre sua derrota nas eleições presidenciais “é coerente com uma pessoa que tem muita intolerância com as boas práticas democráticas”. Em entrevista ao jornal “O Globo”, Dino disse que “de modo oportunista, com esse silêncio, Bolsonaro está estimulando essas arruaças nas rodovias”.

“Mais uma vez, Bolsonaro agride o Estado democrático de Direito”, enfatizou o ex-governador do Maranhão, cotado para ser ministro da Justiça no terceiro governo Lula.


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Silêncio de Bolsonaro

É tradição que o presidente eleito e o adversário façam pronunciamentos após a apuração das urnas. Contudo, o atual presidente Jair Bolsonaro, do PL, permanece em silêncio. Ele foi o primeiro candidato desde 1998 a não se pronunciar no dia da apuração.

Até o momento, mais de um dia após confirmação do próximo presidente, Bolsonaro ainda não falou nada e nem fez nenhuma publicação nas redes sociais.

Aparelhamento das instituições para fins partidários

Flávio Dino relembrou que durante a campanha eleitoral houve aparelhamento das instituições para fins partidários. “Se você olhar a quantidade de operações que a PRF fez ao longo de 2022 inteiro, vai identificar que ontem houve comportamento fora do padrão (a corporação fez ações voltadas à fiscalização de transporte de passageiros, que prejudicaram a chegada de eleitores em locais de votação). Em relação a esse episódio dos caminhoneiros, temos crimes sendo perpetrados em flagrante, e a PRF está, em muitos casos, apenas acompanhando”.

Indagado se há temor de que esses atos se alastrem pelo país, Flávio Dino considera que, até agora, são movimentos isolados, o que não retira a sua gravidade.

“É um desafio concreto para o governo federal e, em última análise, para o Judiciário. Não cabe ao presidente eleito tomar qualquer providência. Cabe ao atual governo aplicar a lei. Vemos internamente e internacionalmente o reconhecimento quanto à legitimidade da eleição. Os bloqueios das rodovias são lamentáveis, mas não parecem sinalizar risco de golpe de Estado, ou seja, de nenhuma virada de mesa no Brasil nesse momento”, disse ao lamentar a ideologização de instituições, como as polícias, que devem ser de Estado, apartidárias”, disse o político, que defende mudar legislação armamentista e critica ideologização das polícias.

Flávio Dino. Foto: Reprodução de TV
Flávio Dino. Foto: Reprodução de TV

Balanço

Segundo balanço parcial da PRF, divulgado no início da noite desta segunda-feira (31), houve bloqueios em pelo menos 20 estados. Entre os que tiveram maior número de casos, Santa Catarina registrou 42 bloqueios, Mato Grosso do Sul, 32 interdições, Paraná teve 18 interdições e 6 bloqueios, Pará teve 17 interdições, mesmo número de Rondônia. Goiás registrou 10 interdições, Rio de Janeiro, 9 interdições, São Paulo teve 7 bloqueios. De acordo com a PRF, 75 manifestações foram desfeitas.

O Supremo Tribunal Federal formou maioria, na madrugada desta terça-feira (1º), a favor da determinação do ministro Alexandre de Moraes de desbloqueio das rodovias, que passaram a ser ocupadas por caminhoneiros após a vitória de Lula.

Moraes ordenou que o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Marques, seja multado em R$ 100.000 a partir desta terça, seja afastado do cargo e preso caso não adote, imediatamente, as medidas necessárias. E ainda que donos de caminhões usados em bloqueios sejam multados em R$ 100.000 por hora.

Vale destacar que muitos dos atos foram creditados a grupos de caminhoneiros, porém, entidades e lideranças do setor rechaçam a participação.

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