‘Fascistas não passarão’, diz filho de governador eleito

“Fascistas, não passarão”. Esta seria apenas mais uma frase de efeito no Instagram, se não tivesse sido postada por Erick Witzel, de 24 anos, que trabalha como cozinheiro no Rio de Janeiro. Ele é filho de Wilson Witzel (PSC), governador eleito do Rio de Janeiro, um dos políticos mais conservadores da fornada de eleitos no último pleito.

A diferença de opiniões sobre comportamento e política entre pai e filho chama a atenção desde o início da campanha eleitoral.

Transgênero, Erick pediu ao pai que não citasse seu nome publicamente, mas isso não aconteceu. Na época, distante de Wilson, ele disse ao site Uol, “que a decisão de se afastar definitivamente veio quando o então candidato apareceu com uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL) destruída”.

“Eu nunca disse ‘sou trans’ no meu trabalho, por exemplo. Daquela declaração até hoje, ‘ganhei um rosto’, um rótulo de filho trans do governador eleito e não paro de receber ofensas e ameaças constantes”, disse ele em entrevista.

O fato do então candidato aparecer ao lado de uma placa quebrada em homenagem a Marielle Franco foi outro ponto importante da corrida eleitoral. Erick conta que, desde então, não procurou o pai e nem mesmo o parabenizou pela vitória, mesmo com o pedido de desculpas de Witzel à família da vereadora. “Me sentia agredido pelo que era defendido. Vergonha alheia mesmo”, afirmou.

Erick formalizou, em 2018, a mudança de seu nome no registro civil. Wilson Witzel, seu pai, foi procurado pelo Uol para comentar as declarações do filho, mas não se manifestou.