Excursão escolar é barrada em shopping de SP; diretora aponta discriminação racial

Shopping JK Iguatemi. Foto: Divulgação

Shopping JK Iguatemi. Foto: Divulgação

Alunos e professores da escola pública Professora Francisca Almeida Caloi, de Guaratinguetá, interior de São Paulo, foram barrados durante uma visita ao Shopping JK Iguatemi, localizado na Zona Sul da capital paulista. O grupo com cerca de 120 estudantes de alguns colégios da cidade estavam no local nesta segunda-feira (18) para conhecer a exposição “Mickey 90 anos”, a convite da própria organização do evento.

Segundo Jozeli Gonçalves, a diretora da escola Francisca Almeida Caloi, o grupo em que ela coordenava chegou ao local um pouco mais cedo do que o horário programado e aproveitou para almoçar em uma rede de fast food. Ao chegarem, uma funcionária da mostra – identificada como Beatriz – informou que eles não poderiam acomodar aquela quantidade de alunos e que o local “era considerado de elite”.

“Nós ficamos cerca de vinte minutos tentando mediar a situação, até que acionamos a Secretaria de Educação do município, que articulou com a organizadora da exposição a liberação da nossa entrada”, disse Jozeli ao G1.

Somente após muita insistência, intervenção dos organizadores da exposição e afirmações da diretora responsável pelo passeio de que eles tinham recursos para cobrir os custos das refeições, o grupo foi liberado.

Alunos da rede pública de escolas da zona rural de Guaratinguetá foram barrados em entrada de shopping. Foto: Arquivo Pessoal/Jozeli Gonçalves
Alunos da rede pública de escolas da zona rural de Guaratinguetá foram barrados em entrada de shopping. Foto: Arquivo Pessoal/Jozeli Gonçalves

Em publicação feita no Facebook, a diretora Jozeli apontou a diferença entre o tratamento que recebeu e o que foi dado à turma de outro colégio, que chegara um pouco antes e entrou sem impedimentos. Ela e vários de seus alunos são negros, o que levantou a discussão de que a atitude discriminatória teria motivação racial.

A Secretaria de Educação de Guaratinguetá, que custeou o passeio, informou que “repudia racismo e qualquer forma de discriminação, e continua acompanhando e apoiando educadores e alunos nas providências que julgarem necessárias”.

O Shopping JK Iguatemi disse que “o empreendimento reforça que não compactua com a atitude tomada pela colaboradora da mostra e ressalta que trabalha continuamente para que todos os clientes sempre se sintam acolhidos e bem-vindos”. Já a ONG “Orientavida”, responsável pela exposição, classificou o episódio como um “fato isolado e pontual”.

Vale destacar que os alunos ganharam a viagem após uma premiação por mérito e saíram de ônibus de quatro bairros de Guaratinguetá na última segunda-feira (18), data do ocorrido. O passeio foi um presente às crianças pelo bom desempenho nas aulas.

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