O Coletivo Negro Afromack e diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (Dafam) tornou público um caso de racismo contra um aluno e seu irmão dentro do campus da Universidade Presbiteriana Mackenzie, localizada no centro de São Paulo.
Segundo o texto divulgado nas redes sociais, o aluno do Centro de Comunicação e Letras (CCL) levou seu irmão para conhecer o campus do Mackenzie. Ainda na portaria da instituição, a entrada do jovem foi barrada pelos seguranças.
A explicação dada pelo aluno é de que apresentaria o campus ao irmão e ele acabou sendo liberado a entrar. Os dois seguiam ao Dafam, quando perceberam que estavam acompanhados de longe por vários seguranças.
“Uma quantidade totalmente desproporcional de seguranças aguardava-os na entrada do diretório, continuando a observá-los nos ambientes externos do campus até a saída de ambos. Houve ainda, o comentário do segurança para um aluno da arquitetura, dizendo que estava fazendo aquilo para segurança deste (aluno branco)”, relata o texto.
Na publicação, o coletivo disse estar “consternado” com o fato, já que a atitude dos seguranças com visitantes brancos não é a mesma que ocorreu.
“Fato que evidencia o racismo presente dentro da Instituição, onde sempre há um inimigo a ser perseguido e este é construído sob um olhar subjetivo, onde o perfil da ameaça é sempre marcado pelo fenótipo”, diz.
Os alunos ainda lembraram que essa não foi a primeira situação de racismo ocorrida dentro da universidade. “Pichações nos banheiros, piadas e constante reafirmação de estereótipos dentro e fora das salas de aula”, exemplifica o texto.
“Na última quinta-feira, dia 17, entre as 14h e 15h, ocorreu mais um ato racista dentro dos muros da UPM. Um aluno, membro do coletivo Afromack, trouxe seu irmão à universidade no intuito de mostrar o campus, uma vez que este tinha o interesse em ingressar no Mackenzie no futuro. Ainda na portaria, a entrada foi negada, sendo necessário justificar o motivo da sua presença ali. Após insistência e justificando que não havia motivo para alarde – uma vez que era apenas um familiar querendo entrar e que essa situação era absolutamente comum – a entrada foi autorizada. Ambos se dirigiram ao DAFAM (Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie), sendo acompanhados de longe por diversos seguranças. Ao adentrarem no diretório, um segurança solicitou novamente a identificação do aluno – alegando que este passaria a ser responsável pelas atitudes do visitante nas dependências da UPM – além de ressaltar diversas vezes que é vedada a entrada de terceiros em qualquer prédio da instituição. Ao saírem, uma quantidade totalmente desproporcional de seguranças aguardava-os na entrada do diretório, continuando a observá-los nos ambientes externos do campus até a saída de ambos. Houve ainda, o comentário do segurança para com um aluno da arquitetura, dizendo que estava fazendo aquilo para segurança deste (aluno branco).
O que mais nos consterna, é o fato de que não vemos a mesma implicação por parte do setor de segurança para com visitantes brancos. Fato que evidencia o racismo presente dentro da Instituição, onde sempre há um inimigo a ser perseguido e este é construído sob um olhar subjetivo, onde o perfil da ameaça é sempre marcado pelo fenótipo. A catraca é nossa barreira concreta, mas para além dela, existem diversas barreiras invisíveis. No campo do imaginário e do constructo social, estas encontram dentro deste espaço um potencializador – uma comunidade majoritariamente branca e elitizada.
Os alunos desse movimento entendem que o ambiente universitário deve lhes dar um sentimento de pertencimento. De se agregar naquele que tem de ser o lugar de troca de ideias, intervenções e da promoção à pluralidade, às diferenças e à inserção. Em conformidade, inclusive, com os princípios morais e éticos contidos no Regimento Geral da UPM, sobretudo no art. 1º parágrafo único e art. 3º e incisos.
Contudo, este sentimento nos é negado cotidianamente devido ao histórico de atos contra os nossos – pichações nos banheiros, piadas e constante reafirmação de estereótipos dentro e fora das salas de aula. Sendo assim, o Coletivo Negro Afromack deixa explícito a sua total repulsa à conduta tomada pelos seguranças da instituição e rechaça toda e qualquer forma de discriminação dentro e fora do campus da UPM.” – Coletivo Negro AfroMack
Em nota, a Mackenzie informou que “não admite preconceito e discriminações de quaisquer espécies. Sempre repudia com veemência comportamentos que firam os preceitos da tolerância e do respeito à dignidade humana”.
“Com relação à visita feita ao Campus Higienópolis da Universidade Presbiteriana Mackenzie, no dia 17 de agosto último por um jovem, acompanhado de seu irmão, membro do Coletivo Afromack, a instituição presta os seguintes esclarecimentos:
Ante a alegação de que teria e havido tratamento alheio às ações rotineiras de segurança, foram adotadas providências imediatas para a apuração do ocorrido. O Setor de Segurança do Mackenzie informa que os procedimentos de ingresso de não alunos na portaria seguiram exatamente os padrões adotados para todos os visitantes.
Quanto à alegação de atitude indevida dos profissionais de segurança no DAFAM – Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie, esclarecemos que foram cumpridos os procedimentos normais de ingresso de visitantes, que incluem o acompanhamento até o local solicitado. No caso em questão, havia sido informado o desejo de conhecer o Campus, contudo, o visitante se dirigiu ao referido Diretório Acadêmico.
Os cuidados com a segurança evidenciam o respeito e a preocupação do Mackenzie com seus alunos, os quais são a principal razão de ser da instituição. Os procedimentos obedecem aos mais modernos e eficazes modelos de proteção e não distinguem os visitantes em todos os campi, por etnia, credo ou gênero.
O Mackenzie não admite preconceito e discriminações de quaisquer espécies. Sempre repudia com veemência comportamentos que firam os preceitos da tolerância e do respeito à dignidade humana.
Universidade Presbiteriana Mackenzie”
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