Ermelinda Rita deixa Rádio Globo e ganha homenagem emocionante de colega de profissão

Ermelinda Rita. Foto: Arquivo Pessoal.

Ermelinda Rita. Foto: Arquivo Pessoal.

Na tarde de junho de uma era chamada de “novo normal”, cinzenta pelas nuvens, cinzenta pelo “galope” do Coronavírus, chega a notícia do desquite entre a outrora poderosa Rádio Globo e um de seus maiores símbolos em todos os tempos, Ermelinda Rita.

Ainda que precarizado e desaparecendo no cenário, o nome Rádio Globo permanece ecoando na memória afetiva da população, especialmente do Rio de Janeiro. É como se todos nós tivéssemos um dispositivo em nossas mentes que sempre é disparado, tal qual uma sonora vinheta, quando surge o assunto rádio.

Neste momento, como num processo de erupção, começam a aflorar nomes em nossas lembranças como Haroldo de Andrade, Waldyr Vieira, Paulo Giovanni, Luís de França, Waldir Amaral, Jorge Curi, João Saldanha, Edmo Zafife, José Carlos Araújo e… Ermelinda Rita! Sim, ela está no panteon dos grandes dessa emissora. Não há um cidadão no Rio de Janeiro, mesmo não sendo assíduo ouvinte do rádio, que já não tenha ouvido pelo menos uma vez na vida este antropônimo.

Ermelinda atingiu a idolatria pela simplicidade. Simples no hábito de vida, simples na forma de apurar notícias, simples na maneira de se comportar ao microfone. Como dizia Leonardo da Vinci: “a simplicidade é o último grau de sofisticação”.

Realmente, o difícil é ser simples. Ermelinda é a legítima personificação desse princípio davinciano. A sua simplicidade volumosa cativou uma legião de seguidores, uma verdadeira massa que passou a ter neste personagem uma espécie de companhia permanente, guardiã da lealdade e da cidadania através de suas reportagens, permanentemente presente no nosso dia-a-dia.

Robson Aldir. Foto: Leandro Milton
Robson Aldir. Foto: Leandro Milton

Como um ser que não cabe em si, ela foi ainda mais longe. Além da projeção pública, de contornos inalcançáveis, Ermelinda cativou também o público interno.

Uma grande quantidade de jornalistas, trabalhadores que lutam incansavelmente pela elevação cidadã, pela democracia e pelo justo, colocando em risco suas próprias integridades físicas, sem direito a biografias, nem ao menos salários justos, têm em Ermelinda Rita a referência. Cada um de nós, jornalistas, temos um traço dela em nossos desempenhos, aquela que sempre foi rigorosa com a apuração cirúrgica e com a velocidade da informação precisa.

A saída de Ermelinda Rita da Rádio Globo representa mais uma página virada na história da imprensa brasileira, capítulo recheado de linhas de ouro que representam o testemunho da forma de vida do carioca nas últimas 3 décadas. Ermelinda seguirá escrevendo a narrativa da cidade por outros “livros”, outras mídias.

Mas, sem dúvidas, o rádio, aquele velho companheiro de sempre de um Brasil que não existe mais, vive outro momento difícil com este recente divórcio.

A vida tem que seguir, e vai seguir! Mas não há como deixar de expressar em brados os sentimentos que nos tomam conta nesta hora: Saúdo Ermelinda Rita, saúdo o rádio brasileiro, saúdo a imprensa do Brasil!










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