Em depoimento, Moro diz que Bolsonaro tentou interferir na PF do Rio

Em depoimento prestado no último sábado (2) à Polícia Federal em Curitiba, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro confirmou a pressão que sofreu do presidente Jair Bolsonaro para trocar o comando da superintendência do Rio de Janeiro.

De acordo com o material divulgado pelo jornalista Caio Junqueira, da CNN Brasil, o presidente cogitava trocar o comando da PF de Maurício Valeixo para Alexandre Ramagem. Moro então apresentou a Bolsonaro outros dois nomes: Fabiano Bordignon (chefe do Depen) e Disney Rosseti.

Jair Bolsonaro cobrou em reunião do Conselho de ministros, em 22 de abril, a substituição do superintendente do Rio, do diretor-geral e disse que poderia interferir em todos os ministérios.

Segundo Moro, o presidente cobrou acesso a relatórios de inteligência da Polícia Federal. Se não pudesse trocar o superintendente da PF, disse que trocaria o diretor-geral e o próprio ministro, disse Moro no depoimento.

“Moro, você tem 27 superintendências e eu quero apenas uma: a do Rio de Janeiro”, disse Bolsonaro ao ex-juiz.

Jair Bolsonaro tem interesse na PF do Rio de Janeiro por lá serem tocadas investigações que podem atingir sua família.

Anderson Torres, atual secretário de Segurança do DF, e delegado Carrijo, segundo Moro, não tinham história profissional que os habilitassem ao cargo, além de ser próximo da família de Bolsonaro.

No depoimento de dez páginas, Moro disse, ainda, que “não afirmou que o presidente teria cometido algum crime” e que “quem falou em crime foi a Procuradoria Geral da República na requisição de abertura de inquérito”. Segundo Moro, a avaliação sobre crime “cabe às Instituições competentes”.

PGR vai investigar motivos para troca no comando da PF do Rio

A Procuradoria-Geral da República (PGR) vai investigar se há motivos indevidos para a troca no comando da Superintendência da Polícia Federal do Rio, realizada como um dos primeiros atos do novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza.

O caso será analisado no inquérito já aberto pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que apura as acusações do ex-ministro Sergio Moro de que o presidente Jair Bolsonaro tentou realizar interferências indevidas na PF.

Bolsonaro deu posse ao novo diretor-geral da PF nesta segunda-feira (4), em uma rápida cerimônia, depois que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, barrou a nomeação de Alexandre Ramagem para comandar a PF, devido à sua proximidade com a família do presidente e sob as suspeitas de que haveria desvio de finalidade nessa
nomeação.

Ainda durante a segunda-feira (4), Rolando convidou o superintendente da PF do Rio, Carlos Henrique Oliveira, para assumir o cargo de diretor-executivo, o número dois da corporação em Brasília, abrindo espaço para nomear outra pessoa para comandar a PF fluminense.








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