Eduardo Bolsonaro recua e se desculpa por declaração sobre ‘novo AI-5’

Eduardo Bolsonaro. Foto: Paola de Orte/Agência Brasil

Eduardo Bolsonaro. Foto: Paola de Orte/Agência Brasil

O deputado federal Eduardo Bolsonaro recuou no fim da tarde desta quinta-feira (31) e declarou que “não há possibilidade de retorno do AI-5 atualmente”. Em vídeo postado no Facebook, ele classificou a intensa reação à sua declaração concedida em entrevista à jornalista Leda Nagle como uma “interpretação errada” do que ele havia dito.

“Não existe qualquer possibilidade de retorno do AI-5 e a minha posição é bem confortável. Não fico nem um pouco constrangido de pedir desculpa a qualquer tipo de pessoa que tenha se sentido ofendida ou imaginado o retorno do AI-5”, afirmou.

“A gente vive em um regime democrático, nós seguimos a Constituição. Inclusive, esse é o cenário que me fez ser o deputado mais votado da história”, disse o filho do presidente Jair Bolsonaro, que teve mais de 1,8 milhões de votos em 2018. “Não tem porque de eu descambar para o autoritarismo, eu tenho ao meu favor a democracia”, completou.

Eduardo também disse que, se pudesse, “refaria a declaração sem citar o AI-5 para não dar essa polêmica toda”, mas destacou que tem “imunidade parlamentar”. Ele criticou, ainda, a oposição: “Agora é óbvio que a oposição vai tentar pegar esteira na minha fala para tentar me pintar como ditador”.

“É somente isso que eu peço: respeito à Constituição e aproveito aqui para reafirmar aqui os valores democráticos e constitucionais”, finalizou o parlamentar.

Eduardo, no entanto, mesmo após ser criticado por seu pai, não só defendeu o AI-5 em entrevista, como publicou um vídeo reforçando a ideia. Antes disso, ele também postou no Twitter o discurso em que seu pai elogia o torturador Brilhante Ustra, junto com a mensagem: “Se você está do lado da verdade, NÃO TENHAIS MEDO!”.

O que disse Jair Bolsonaro

Ao deixar a residência oficial do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro foi questionado se concorda com um novo AI-5 e se a possibilidade está em estudo.

“O AI-5 já existiu no passado, em outra Constituição, não existe mais. Esquece. Vai acabar a entrevista aqui. Cobrem deles. Quem quer que seja que fale em AI-5, está sonhando. Está sonhando! Não quero nem que dê notícia nesse sentido aí”, respondeu. Em seguida, os jornalistas perguntaram se o presidente vai cobrar o filho por causa da declaração sobre o AI-5.

Bolsonaro afirmou em entrevista à TV Bandeirantes que o filho foi mal interpretado e que se policia porque qualquer palavra dita por ele ou seus familiares vira um “tsunami”. O presidente destacou que foi eleito democraticamente e que é contrário a qualquer medida autoritária.

O que foi o AI-5

O AI-5, o mais duro de todos os Atos Institucionais, foi emitido pelo presidente Artur da Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968. Isso resultou na perda de mandatos de parlamentares contrários aos militares, intervenções ordenadas pelo presidente nos municípios e estados e também na suspensão de quaisquer garantias constitucionais que eventualmente resultaram na institucionalização da tortura, comumente usada como instrumento pelo Estado.

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