Taxa de juros sobe, a maior desde 2017; veja análise e impactos no seu bolso

Banco Central. Foto: Reprodução da TV

Banco Central. Foto: Reprodução da TV

O Copom, Comitê de Política Monetária do Banco Central, elevou, nesta quarta-feira (2), a taxa básica de juros da economia brasileira.

Com a decisão, a Selic foi de 9,25% para 10,75% ao ano e consolidou o terceiro acréscimo consecutivo de 1,5 ponto percentual. Agora, na casa dos dois dígitos pela primeira vez em cinco anos, atinge o maior patamar desde abril de 2017.

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A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e os juros são usados pelo BC como ferramenta para tentar controlar a inflação, já que sua variação mexe com o consumo das famílias e a tomada de crédito.

A nova alta representa juros mais altos cobrados pelas instituições financeiras, aumento do custo com as taxas dos bancos e demais modalidades de financiamentos. Ao SRzd, Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, comentou a decisão de hoje:

“O Copom decidiu por subir 150bps, em linha com o esperado, conduzindo a Selic para 10,75%.

No parágrafo decisivo, no qual residiu o guide de política monetária para a próxima reunião, a autoridade escreveu: “Em relação aos seus próximos passos, o Comitê antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros. Essa sinalização reflete o estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos cumulativos se manifestarão ao longo do horizonte relevante.”

Em outras palavras, a autoridade disse que o juro já está muito alto para subir no ritmo de 150bps, sem ser taxativo e colocando 125bps como o máximo.

Contudo, a sinalização de suavização do aperto é incoerente com o avanço das expectativas de inflação da própria autoridade no cenário de referência. Para 2022 o IPCA da autoridade subiu de 4,7% para 5,4% e, para 2023, permaneceu em 3,2%.

Ainda que se justifique que as perspectivas mais pressionadas se deem por conta de projeções mais elevadas de administrados, a despeito da revisão baixista de energia elétrica, a autoridade tem meta sobre o headline. Sendo assim, avalio que a autoridade opta por perder graus de credibilidade no combate às expectativas de inflação.

Diga-se de passagem, os membros do comitê tentaram reafirmar seu compromisso com o regime de metas ao afirmar que o fiscal é um risco e a piora dele pode ensejar por juros mais pressionados, bem como ao adicionar o termo “enfatiza que” antes de escrever que “irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.”

Em suma, acreditamos que o BC apresentou um comunicado dovish apontando para uma redução do ritmo de elevação da Selic, mas tentou ser hawkish ao tentar remover a tampa dos juros. Contudo, a autoridade pode estar pautada da “rolagem do horizonte relevante” visto que março é a última reunião que o IPCA 2022 (altamente desancorado) faz parte da meta do BC. Partindo desse pressuposto a autoridade deverá ter uma condução dovish, ainda que tenha buscado pontos hawkish para uma eventual saída futura.

Deste modo, reduzo minha perspectiva para Selic de 12,25% para 11,75%, com apenas mais uma elevação do juro na reunião de março, ao ritmo de 100bps. A taxa deverá permanecer inalterada ao longo de todo 2022, com cortes apenas no início de 2023, ao ritmo de -50bps”, destacou Sanchez.

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