Dominguetti queria US$ 0,25 de comissão por dose de vacina, indica perícia em celular

Luiz Paulo Dominguetti Pereira. Foto: Pedro França/Agência Senado

Luiz Paulo Dominguetti – cabo da Polícia Militar de Minas Gerais – teve seu celular apreendido para a realização de uma perícia no objeto durante a sessão da CPI da Covid-19 da última quinta-feira (1º).

No aparelho, foram encontrados detalhes à respeito da negociação paralela com o Ministério da Saúde para venda de vacinas contra a Covid-19. Segundo informações do portal G1, ele receberia uma comissão de vinte e cinco centavos de dólar para cada dose negociada com o governo federal.

No celular, havia cerca de 900 caixas de diálogos. A um contato de nome Guilherme Filho Odilon, Dominguetti enviou a seguinte mensagem: “Estamos negociando algumas vacinas em número superior a 3 milhões de doses. Nesse caso, a comissão fica em 0,25 centavos de dólar por dose. O que estamos fazendo é pegar o volume da comissão e dividir de forma igual a todos os envolvidos”. À CPI, ele havia comentado um valor menor como comissão, de US$ 0,20.

Mensagens no celular de Dominguetti mostram negociação de doses com comissão. Foto: Reprodução de TV
Mensagens no celular de Dominguetti mostram negociação de doses com comissão. Foto: Reprodução de TV

A esse contato, Dominguetti assegurou, em outro diálogo, que teria à disposição vacinas AstraZeneca a US$ 3,97 por dose e com capacidade de entrega imediata de 100 milhões de doses. “Amapá e Mato Grosso estão comprando”, disse.

Os senadores da CPI da Covid-19 querem saber quem é Odilon, nome que chegou a ser citado na CPI, mas Dominguetti disse, na ocasião, que não recordava do nome completo do parceiro – que teria apresentado a ele o tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde e dono da Valorem Consultoria em Gestão Empresarial, sediada em Brasília.

As mensagens do celular também mostram que em fevereiro deste ano Dominguetti recebeu ligação de um contato chamado “Haroldo Vacinas Compra”. Na pauta, uma suposta compra de vacinas pelo estado do Amazonas. “Inicialmente liberaram lá de um fundo de R$ 160 milhoes”, relatou Haroldo. Não foi revelado o final da conversa entre ambos.

Dominguetti também “negociava” outras vacinas, como a russa Sputnik V, segundo as mensagens periciadas.

O aparelho foi periciado no Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e o laudo foi entregue na sexta-feira (2), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. O celular de Dominguetti foi apreendido na quinta-feira (1º), durante depoimento de Dominguetti à comissão, no Senado.

O laudo feito por peritos criminais. Ainda na quinta, policiais extraíram os dados do aparelho e os “espelharam” em um arquivo, para que os membros da CPI pudessem analisar o conteúdo.

Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresentou como representante da empresa de vacinas Davati Medical Supply, reafirmou em depoimento ter recebido a proposta em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde. Durante o depoimento, Dominguetti também acusou o deputado federal Luis Miranda de ter tentado negociar vacinas, teve celular apreendido e a prisão pedida.

Segundo Dominguetti, o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, durante um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, região central da capital federal, teria pedido a propina, no dia 25 de fevereiro.

“O pedido foi exclusivamente de Roberto Dias. O valor era de um dólar por dose. Oferecemos a US$ 3,50 a primeira proposta. A Davati estava ofertando ao Ministério da Saúde 400 milhões de doses”, disse Dominguetti.

A suspeita de pedido de propina de US$ 1 por dose de imunizante contra o novo Coronavírus fez com que a CPI da Covid-19 antecipasse o depoimento de Dominguetti. Assim, ele foi ouvido na quinta-feira, em lugar de Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, empresa intermediária nas negociações entre o laboratório indiano Bharat Biotech, que produz a vacina Covaxin, e o Ministério da Saúde.

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