Documento enviado por Pazuello à PGR reforça que ex-ministro mentiu em depoimento

Um relatório enviado pelo Ministério da Saúde em 17 de janeiro à Procuradoria-Geral da República (PGR) contradiz a versão apresentada pelo general Eduardo Pazuello, ex-titular da pasta, em depoimento à CPI da Covid-19 sobre a crise de oxigênio em Manaus. Pazuello mentiu sobre a data em que soube da possibilidade de um colapso.

No documento, obtido pelo jornalista Caio Junqueira, da CNN Brasil, Pazuello afirma que “foi detectado, ainda, logo no início do período, a gravíssima situação dos estoques de oxigênio hospitalar em Manaus, em quantidade absolutamente insuficiente para o atendimento da demanda crescente. Tal problema chegou ao conhecimento do Ministério no dia 8 de janeiro”.

Esse e-mail foi enviado por representante da White Martins à pasta. Segundo o relatório, na mensagem consta uma cópia de comunicado da empresa à Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas, de 7 de janeiro, sobre o possível desabastecimento.

Na CPI, Pazuello afirmou que só soube do possível desabastecimento no dia 10 de janeiro, à noite. “No momento que eu soube do oxigênio, comecei a agir”, afirmou à comissão.

Além do relatório, declarações anteriores do próprio ministro desmentem a cronologia formulada por ele. “No dia 8 de janeiro, nós tivemos a compreensão, a partir de uma carta da White Martins, de que poderia haver falta de oxigênio se não houvesse ações para que a gente mitigasse este problema”, disse o ex-ministro em 18 de janeiro.

Conforme apontou o Nexo, um relatório assinado por ele no dia 6 reconheceu “a possibilidade iminente de colapso do sistema de saúde, em 10 dias, devido à falta de recursos humanos para o funcionamento dos novos leitos”.