Dividido entre Lula e Ciro, Caetano Veloso decide voto para 2022

Caetano Veloso. Foto: Reprodução/TV Cultura

Caetano Veloso. Foto: Reprodução/TV Cultura

Apoiador de Ciro Gomes em 2018, o cantor Caetano Veloso que tem o coração dividido entre o pedetista e o petista, mas confirmou que para as eleições de 2022 já está com o ex-presidente.

“Você vai de Lula?”, perguntou a repórter Vera Magalhães.

“Total. Eu já estou de Lula, de certa forma. Meu coração está com Lula e com Ciro”, disse o cantor baiano em sua participação no programa “Roda Viva” da TV Cultura .

Durante a entrevista, exibida na noite desta segunda-feira (20), Caetano ainda criticou a operação Lava Jato, que foi se revelando “muito tendenciosa”, e a cobertura da imprensa sobre a força-tarefa.

“A Lava Jato foi se revelando muito tendenciosa. Respeito o tanto de dinheiro da Petrobras que foi devolvido aos cofres públicos, tudo bem. Mas houve também uma certa euforia da imprensa com relação à Lava Jato, que ainda permanece, de certa forma. A imprensa, naquela altura, foi um pouco passiva demais, e pouco crítica”, afirmou.

O artista disse também que Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato que tornou-se ministro de Jair Bolsonaro e agora faz campanha à presidência mirando o ex-chefe, merece a “dificuldade” de estar alinhado ao atual presidente.

“Ele tem dificuldade de desfazer agora, merece enfrentar essa dificuldade, é o mínimo”, afirmou.

Com filho da Universal, Caetano critica o termo “terrivelmente evangélico”

O cantor de 79 anos, criticou o termo “terrivelmente evangélico”, usado pelo presidente Jair Bolsonaro quando da nomeação de André Mendonça como ministro do STF. Um dos filhos de Caetano, Zeca, faz parte da Igreja Universal.

“Acho a expressão do presidente muito ruim e desrespeitosa. Mas ser desrespeitoso é do jeito do presidente. A expressão não é feliz e não funciona. É uma expressão que não dá conta, é uma homenagem do presidente ao preconceito”.

Bolsonaro, brasileiro médio e censura

Caetano falou, durante a entrevista comandada por Vera Magalhães, sobre Bolsonaro e censura.

“Acho que é óbvio que muito homem comum brasileiro pode se identificar com o Bolsonaro. Essa ideia de que brasileiro é alegre, pra uma pessoa da minha idade, ela é nova. Desde pequeno aprendi que éramos o resultado da união de 3 raças tristes. Esse tipo de ideia de que o Brasil era muito presente, quem inventou isso de Brasil alegre foi o Vinicius de Moraes. Todos os sambas de carnaval da tradição eram de histórias de amor que não deram certo”.

“Essa frase que eu disse no Roda Viva de 25 anos atrás (“Há um desejo de direita truculenta no Brasil, fingindo-se de liberal, que é brutal e que nos ameaça cotidianamente”) foi profética. Eu tinha experiência porque fui preso, confinado, exilado, isso durou 3 anos. durante parte do exilio. Eu não sabia se ou quando eu poderia voltar ao Brasil”.

Caetano citou ainda o “silenciamento” que é feito a alguns artistas quanto à posição política. “A criação artística é um negócio que não pode ficar aos serviços de qualquer ideologia, de uma luta de outro âmbito, entende? O que não quer dizer que os artistas devem silenciar. Mas os que precisam, às vezes é legítimo. Agora isso não quer dizer que eu apoie. Mas eu detestaria ver uma onda de silenciamento, porque isso é uma forma de censura coletiva”, declarou.

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