Divididos, tucanos se reúnem e podem tirar Doria da disputa pela presidência
Está prevista para 16h desta terça-feira (17), a reunião que pode definir os rumos do PSDB na disputa ao Palácio do Planalto. Após carta escrita e divulgada pelo pré-candidato João Doria ao presidente do partido, Bruno Araújo, na qual acusa a sigla de “tentativa de golpe”, foi marcado um encontro da Executiva Nacional para tentar apaziguar os ânimos no ninho dos tucanos.
O ex-governador não comparecerá à reunião. No ato, será representado por Marcos Vinholi, ex-deputado estadual pelo PSDB de São Paulo e ex-secretário de Desenvolvimento Regional na gestão Dória.
O motivo maior do desentendimento teria sito a pesquisa encomendada pelos partidos da chamada terceira via, a fim definir quem deve disputar ao mais elevado posto do Executivo nas eleições de outubro.
O ex-governador de São Paulo, que foi escolhido para representar a sigla nas prévias, ameaçou judicializar o processo, caso o entendimento não seja respeitado.
“Qual não foi a nossa surpresa ao saber que, apesar de termos vencido legitimamente as prévias, as tentativas de golpe continuaram acontecendo. As desculpas para isso são as mais estapafúrdias como, por exemplo, a de que estaríamos mal colocados nas pesquisas de opinião pública e com altos índices de rejeição, cinco meses antes do pleito”, ressaltou.
Divisão
A mais nova polêmica tem dividido opiniões. De um lado, os que acreditam que a decisão das prévias deve ser seguida à risca e que Dória deve ser o candidato do PSDB, ainda que isso represente um voo solo.
Na outra ponta, os que dizem ser fundamental trilhar o caminho mais adequado para a construção de uma aliança que possa desestabilizar a polarização travada entre Lula e Bolsonaro, desenhando um cenário mais viável à presidência.
Entre os apoiadores de João Doria, está o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Agiu bem o candidato João Dória. Ressaltando que o resultado das prévias deve ser respeitado”, avaliou o sociólogo no Twitter.
Simone Tebet
Nome escolhido pelo MDB para compor a chapa da terceira via, Simone Tebet disse que cumprirá as regras do jogo. Caso Doria seja apontado como nome mais adequado na pesquisa que será divulgada na quarta-feira (18), a senadora aceitará. No entanto, deixou claro que seguirá na disputa, com ou sem Doria, caso o seu nome seja o reconhecido pelo estudo encomendado.
“Nós aceitamos as regras do jogo, e na quarta nós teremos o resultado dela. O resultado há de ser cumprido”, disse a senadora em sabatina organizada nesta segunda (16) pela Associação Comercial de São Paulo.
“Com ou sem frente democrática, se meu nome for escolhido e outros resolverem, ‘Ah, não aceito as regras do jogo’, tentar judicializar, é um direito que lhes assiste. Eu continuo pronta para falar para o Brasil”, completou.
Estratégia para derrubar prévias
Adversários de João Doria já definiram a estratégia jurídica para derrubar na convenção do partido a candidatura presidencial do ex-governador de São Paulo, informa o Painel do jornal “Folha de São Paulo”.
O artigo 152 do estatuto do partido determina que a convenção homologue o vencedor nas prévias, mas o entendimento dos opositores de Doria é que isso vale apenas se o partido tiver candidato. Portanto, a regra não se aplicaria se a legenda decidir apoiar outra candidatura.
Segundo um dirigente tucano adversário de Doria, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não pode obrigar o partido a ter candidato próprio. A cúpula do PSDB argumenta que o ex-governador aprovou o critério para escolha de um nome da terceira via.
Integrantes da cúpula do MDB e até mesmo do PSDB já começaram a defender de forma intensa uma chapa de terceira via para a disputa da Presidência da República formada pela senadora Simone Tebet (MDB-MS) e pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Conta a favor de Tasso o fato de ele ser do Nordeste, ter experiência executiva — por ter sido três vezes governador do Ceará — além de interlocução com o empresariado brasileiro e o mercado financeiro.
Já os defensores do ex-governador afirmam que o estatuto claramente garante o direito de ele disputar a Presidência. No PSDB, a avaliação é que essa solução só pode vir a ser adotada depois de se resolver o impasse do partido com o pré-candidato João Doria.
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