Desemprego cresce 27,6% em quatro meses de pandemia e atinge 12,9 milhões, diz IBGE

Fila de trabalhadores para vaga de emprego. Foto: Pedro Ventura/Fotos Públicas

Fila de trabalhadores para vaga de emprego. Foto: Pedro Ventura/Fotos Públicas

A retomada da busca por trabalho fez com que o desemprego voltasse a subir em agosto, segundo dados da Pnad Covid, divulgados nesta quarta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Desde maio, início da pesquisa, o número de desempregados cresceu 27,6%, atingindo 12,9 milhões em agosto. No mês passado, a taxa de desemprego subiu para 13,6%, no maior patamar desde maio. Em julho, estava em 13,1%.

A alta do desemprego era algo esperado por economistas, diante da flexibilização dos protocolos de distanciamento social por conta da pandemia de Covid-19 e diminuição gradual do impacto do auxílio emergencial .

Os números indicam que mais pessoas estão procurando emprego, mas não estão encontrando. Ou seja, a procura por emprego cresce em ritmo superior ao número de pessoas empregadas, levando ao aumento da taxa de desocupação. Em agosto, apenas 82,1 milhões de pessoas estavam ocupadas no Brasil.

Na metodologia do IBGE, é considerado desempregado apenas quem efetivamente procura emprego e não acha. Quem desiste ou suspende a busca no período coberto pela pesquisa não entra na estatística.

Por isso, muitas das pessoas que hoje buscam emprego foram demitidas na pandemia e somente agora retomam, seja por maior confiança na economia, controle da pandemia ou fim de medidas emergenciais. Entre maio e julho, segundo a Pnad Covid, mais de 2,9 milhões de pessoas perderam o emprego.

Na avaliação dos pesquisadores Maria Andreia Parente Lameiras e Marco Cavalcanti, ambos do Ipea, o desemprego deverá continuar crescente nos próximos meses, diante da redução do efeito renda positivo associado ao auxílio emergencial e da continuidade do processo de melhora nos indicadores econômicos.

Mais de 40% dos lares receberam auxílio

Em agosto, 30 milhões de domicílios brasileiros, ou 43,9% do total, receberam algum auxílio emergencial relacionado à pandemia. Isso corresponde a mais 813 mil lares beneficiados na comparação com o mês anterior.

Com a única fonte de renda de muitas famílias ficando escassa, a tendência é que mais pessoas saiam de casa na busca por uma vaga. Na última semana de agosto, a taxa de desocupação foi de 14,3% , atingindo o ápice da série semanal.

Segundo o IBGE, ainda há 17,5 milhões de pessoas fora da força de trabalho que gostariam de estar no mercado, mas não procuraram emprego por causa da pandemia ou por falta de trabalho onde vivem.

Além disso, a diminuição da vigência dos programas emergenciais relacionados à manutenção do emprego do governo federal podem impactar no mercado de trabalho. Levantamento feito pela FGV mostrou que uma em cada empresas do setor de serviços avalia demitir ou até encerrar as atividades quando essas medidas forem encerradas.

Apesar de também avaliar o mercado de trabalho, a Pnad Covid não é comparável com os dados da Pnad Contínua, considerado o indicador oficial de desemprego no país. As metodologias das duas pesquisas são distintas.










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