Deputado mostra provas de que avisou Bolsonaro sobre corrupção na compra da vacina Covaxin

Luis Miranda e Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução/Instagram

Luis Miranda e Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução/Instagram

O deputado federal Luis Miranda afirmou que áudios e mensagens encaminhadas a ajudantes de ordem do presidente Jair Bolsonaro comprovariam que ele e o irmão, Luis Ricardo Miranda, que é chefe de importação do Departamento de Logística em Saúde do Ministério da Saúde, denunciaram a pressão pela compra da Covaxin,
antes de a confirmação chegar ao Ministério Público Federal (MPF).

Em entrevista à CNN Brasil nesta quarta-feira (23), o parlamentar relatou ter informado Jair Bolsonaro pessoalmente, em um encontro no Palácio da Alvorada no dia 20 de março, um sábado, junto com seu irmão, Miranda. No início da semana, afirmou ter indagado o “adjunto” do presidente sobre o assunto.

“O presidente demonstra que se convenceu dos indícios de irregularidade, disse que ia encaminhar para o DG [Diretor-geral] da Polícia Federal para devidas providências”, disse Miranda alegando que levou a Bolsonaro uma série de documentos para que não houvesse dúvidas sobre a acusação.

“Confiei nele, o chefe do executivo. Cabe agora verificar se o presidente tocou a denúncia que foi feito porque convencido de que tinha algo errado, ele estava”, finalizou Miranda.

Mensagens mostram alerta a Bolsonaro sobre Covaxin

Ao site “Metrópoles”, o deputado disponibilizou as mensagens encaminhadas ao secretário de Bolsonaro com os alertas de uma possível corrupção na pasta. O nome do militar foi preservado a pedido do congressista.

“Avise ao PR [presidente da República] que está rolando um esquema de corrupção pesado na aquisição das vacinas dentro do Ministério da Saúde. Tenho provas e as testemunhas. Sacanagem da porra… a pressão toda sobre o presidente e esses ‘FDPs’ roubando”, escreveu o parlamentar às 12h55 do dia 20 de março. O auxiliar de Bolsonaro respondeu com uma Bandeira Nacional.

Uma hora depois, Miranda insistiu: “Não esquece de avisar o presidente. Depois, não quero ninguém dizendo que eu implodi a República. Já tem PF e o caralho no caso. Ele precisa saber e se antecipar”. A outra resposta também foi um símbolo nacional.

O congressista, então, afirmou ao ajudante de ordens que estaria “a caminho”, dando a entender que faria uma visita a Bolsonaro no Planalto. Dois dias depois, no dia 22 de março, Miranda encaminhou documentos para o mesmo número do ajudante de ordens presidencial. “Meu irmão quer saber do presidente da República como agir”,
insistiu.

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Covaxin

A Covaxin foi a vacina mais cara adquirida pela gestão de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, ao custo de US$ 15 por dose.

Imunizante Covaxin. Foto: Divulgação/Covaxin

A compra do imunizante foi a única para a qual houve um intermediário e sem vínculo com a indústria de vacina, a empresa Precisa. O preço da compra foi 1000 % maior do que, seis meses antes, era anunciado pela fabricante.

CPI investigará suspeita de corrupção

A CPI da Covid-19 vai avançar a investigação sobre a suspeita de corrupção de vacinas no governo Bolsonaro. Nesta quarta-feira (23), foram aprovadas requerimentos com foco no assunto.

Também foi aprovada nesta quarta a convocação do tenente-coronal Alex Lial Marinho, braço direito do ex-ministro Eduardo Pazuello. Ele teria sido um dos pressionadores para a compra da Covaxin. As quebras de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático dele também foram aprovadas.

Além desses requerimentos, também foram aprovados, nesta quarta, a convocação de representantes do Facebook, Google (que controla o YouTube), e Twitter .

Os senadores também concordaram em ouvir secretamente o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Será o segundo depoimento dele para a comissão. Witzel afirma ter informações sigilosas a serem passadas.

A CPI requisitou, no inicio da tarde desta quarta, segurança para o deputado Luis Miranda, ao irmão e aos familiares, de acordo com o senador Randolfe Rodrigues, integrante da comissão parlamentar.

Até o momento, o Palácio do Planalto, Ministério da Saúde e o ex-ministro Eduardo Pazuello não se posicionaram sobre o assunto.

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