Deputado insinua que irmão gravou conversa com Bolsonaro: ‘na hora certa tudo pode aparecer’

Conversas de WhatsApp que mostram denúncia do deputado Luis Miranda. Foto: Pedro França/Agência Senado

O deputado federal Luis Miranda insinuou existir uma gravação sobre uma reunião com Jair Bolsonaro, que, segundo o parlamentar, teve um secretário responsável por receber mensagens no WhatsApp com alertas sobre o susposto esquema de corrupção no Ministério da Saúde envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin.

Em entrevista ao jornal “Correio Braziliense” nesta terça-feira (29), Luis declarou que não gravou a conversa com o presidente no dia 20 de março, em que denunciou o suposto esquema de corrupção sobre a compra do imunizante.

Ao ser questionado se o irmão Luis Ricardo Miranda poderia ter registrado a reunião, o congressista disse: “Eu não, um parlamentar não deve gravar um presidente”, afirmou. “Quanto ao meu irmão, eu não posso falar isso”.

O parente do parlamentar é chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde e disse ter sido pressionado dentro da pasta para agilizar a aquisição da vacina indiana.

Miranda disse que segue sendo um deputado “governista”, mas não “bolsonarista” – afirmou ainda que acredita que até o momento Bolsonaro está constrangido com a repercussão de suas declarações, mas não teria mentido.

“Até agora, o que eu vejo, é o constrangimento dele com a situação, talvez por ter confiado em pessoas que ele passou a informação para frente e não fizeram nada. Ele está vendo que vai ter que agir, em algum momento, quanto a essas pessoas. Até agora ele não mentiu. Me atacaram, mas ele não mentiu. Se ele mentir, aí a coisa pode mudar de figura”, afirmou, em tom de ameaça.

Ao “Congresso em Foco”, Miranda já havia declarado sobre Bolsonaro: “Ele não vai mentir. Ele não é maluco. Ele deve ter um pouquinho de juízo. Ele não vai me fazer acabar com a minha vida política e com a dele mostrando algo que eu não quero mostrar. Não estou mentindo”.

O deputado ainda afirmou que pretende entrar com representação contra o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, pelo que ele classifica como “atitude criminosa”.

A CPI da Covid-19 também apura denúncias de superfaturamento na aquisição do imunizante. O valor da compra foi 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela fabricante. Outro detalhe é que a compra do imunizante foi a única para a qual houve um intermediário, a empresa Precisa, sem vínculo com a indústria de vacina.

Os senadores Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI da Covid-19, Fabiano Contarato e Jorge Kajuru apresentaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime contra Jair Bolsonaro por prevaricação.

Principal denunciante do esquema junto com o irmão, o deputado Luís Miranda acionou a Polícia Federal alegando ter recebido ameaças de morte.

Comentários

 




    gl