Deputada defensora do Escola Sem Partido usa camisa de Bolsonaro em sala de aula

Ana Caroline Campagnolo. Foto: Reprodução/Instagram

Ana Caroline Campagnolo. Foto: Reprodução/Instagram

A deputada estadual eleita Ana Caroline Campagnolo (PSL), de Santa Catarina, ganhou destaque após resultado das eleições. Ela criou uma conta no WhatsApp para que estudantes pudessem compartilhar gravações de aulas de professores que defendessem algum partido ou ideologia política.

No entanto, na última terça-feira (30), fotos da deputada começaram a circular pelas redes sociais. Nas imagens, Ana Caroline — que também é professora — aparece, em sala de aula, vestida com uma camisa do presidente eleito Jair Bolsonaro; na época ainda candidato.

Ana Caroline Campagnolo. Foto: Reprodução/Instagram
Ana Caroline Campagnolo. Foto: Reprodução/Instagram

MP entra com ação contra deputada

O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) entrou na Justiça, na última terça-feira (30), com ação civil pública contra a deputada estadual eleita Ana Caroline Campagnolo. O órgão pede a condenação por danos morais coletivos e que seja dada liminar (decisão temporária) para que ela se abstenha de manter qualquer tipo de controle ideológico das atividades dos professores e alunos de escolas públicas e privadas do estado.

Entenda o caso

Após a vitória na eleição de Jair Bolsonaro do PSL, Campagnolo divulgou uma imagem em redes sociais para pedir que vídeos e informações com manifestações “político-partidárias ou ideológica” de professores sejam repassados por estudantes para o seu número de celular com o nome do docente, da escola e da cidade. “Garantimos o anonimato dos denunciantes”, garante a deputada no texto.

Na publicação, Campagnolo disse que hoje é o dia em que “professores e doutrinadores estarão inconformados e revoltados” com o resultado da eleição presidencial.

“Muitos deles não conterão sua ira e farão da sala de aula um auditório cativo para suas queixas político partidárias em virtude da vitória de Bolsonaro. Filme ou grave todas as manifestações político-partidárias ou ideológica”, completou a deputada.

Na legenda, ela afirmou ainda que “professores éticos e competentes não precisam se preocupar”. E fez uma ponderação para que vídeos de outros Estados não sejam mais enviados para o seu número, alegando que isso já estava sendo feito na noite de domingo (28). “Não temos como administrar tantos conteúdos. Alunos que sentirem seu direitos violados podem usar gravadores ou câmeras para registrar os fatos”, orientou.

Em nota, os sindicatos representantes dos trabalhadores em educação das redes pública e privada municipal, estadual e federal do Estado de Santa Catarina classificam o comunicado da deputada eleita como ameaça e ataque à liberdade de ensinar do professor. Segundo os sindicatos, isso “é tipicamente aplicado em regimes de autoritarismo e censura”.

Deputada Ana Caroline Campagnolo do PSL. Foto: Câmara dos Deputados/Divulgação
Deputada Ana Caroline Campagnolo do PSL. Foto: Câmara dos Deputados/Divulgação

“A sugestão de denúncia dos professores por estudantes caracteriza um assédio e uma perseguição em ambiente escolar, algo que remonta aos tempos da ditadura civil-militar brasileira”, diz a nota.

Os sindicatos dizem ainda que os próprios sistemas de ensino têm autonomia para propor, em conjunto com toda a comunidade escolar, o currículo e demais atividades pedagógicas. “Atitudes de provocação interferem de forma ilegal e inconstitucional no processo democrático de organização escolar, extrapolando a competência de fiscalização do trabalho escolar e do acompanhamento das atividades profissionais feitas pelas equipes pedagógicas”.

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