Depoimentos de funcionários de Carlos Bolsonaro foram combinados, diz MP do Rio

Carlos Bolsonaro. Foto: Roosevelt Pinheiro/Agência Brasil

Carlos Bolsonaro. Foto: Roosevelt Pinheiro/Agência Brasil

O Ministério Público do Rio (MP-RJ) apontou indícios de que declarações prestadas por ex-funcionários do vereador Carlos Bolsonaro foram “previamente combinadas” no gabinete dele na véspera dos depoimentos, no fim de 2019, no âmbito de uma investigação sobre a prática de “rachadinha” na Câmara Municipal do Rio. Antes de prestarem depoimentos, funcionários foram ao gabinete do parlamentar. A informação foi publicada pelo jornal “O Globo”.

Ex-funcionário do vereador, Rafael Carvalho Góes, irmão de Rodrigo Góes e filho de Edir e de Neula Carvalho Góes, negava ter trabalhado para o gabinete de Carlos Bolsonaro, mas constava como funcionário entre janeiro de 2001 e junho de 2008. Ao MP, Rafael disse que cursava faculdade de Nutrição quando foi nomeado e que, embora não fosse ao gabinete, fazia “trabalho externo” na Zona Oeste do Rio.

De acordo com o MP, o depoimento da família Góes foi prestado no dia 5 de novembro de 2019, uma semana depois da data originalmente prevista, 31 de outubro, porque a defesa da família pediu adiamento da oitiva, alegando precisar de mais tempo para analisar os autos da investigação. No mesmo dia 30, Edir, Neula, Rodrigo e Rafael foram ao gabinete de Carlos na Câmara Municipal, onde permaneceram por cerca de três horas.

O MP disse que “não haveria necessidade de comparecimento pessoal de quatro integrantes da família Góes à Câmara Municipal, nem de sua permanência no local por mais de três horas, apenas para receber a orientação de comparecimento ao MPRJ”.

Além da família Góes, outros dois ex-funcionários investigados pelo suposto esquema de “rachadinha”, Guilherme dos Santos Hudson e Guilherme de Siqueira Hudson, foram ao gabinete de Carlos na mesma data, dia 30, antes de ambos prestarem seus depoimentos ao MP. Para investigadores, a ida deles à Câmara Municipal sugeriu que “o teor de seu depoimento tenha sido coordenado no gabinete” de Carlos.

Outras duas ex-funcionárias de Carlos Bolsonaro que tinham parentesco com a família Góes são investigadas por atividades que apontaram para a prática de rachadinha. Leila Carvalho Lino, cunhada de Edir, afirmou em depoimento ao MP que seu trabalho consistia na distribuição de panfletos, apesar de ter dito em 2019, segundo a revista “Veja”, que não ia com frequência à Câmara.

A ex-funcionária Nadir Barbosa Góes, moradora de Magé, na Baixada Fluminense, e irmã de Edir, faria parte de um “núcleo externo” do gabinete do parlamentar em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. Ela morava a quase 100 quilômetros de distância.

Nadir ficou cerca de dez anos no cargo, até completar 70 anos, e pegaria semanalmente ônibus, van e trem, de acordo com o depoimento de Neula Carvalho Góes. A idosa teria como função a distribuição de panfletos, em um trajeto que podia chegar a três horas de duração.

Segundo o MP, “claramente, não parece verossímil que uma senhora sexagenária fizesse semanalmente um percurso superior a três horas até Santa Cruz, para pernoitar durante uma semana em um colchonete, a fim de acompanhar seu irmão, cunhada e seus sobrinhos na distribuição de panfletos”.

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