Deltan fez lobby com governo Bolsonaro e STF para emplacar novo PGR

Deltan Dallagnol. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Deltan Dallagnol. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O procurador Deltan Dallagnol tentou com que o procurador regional da República Vladimir Aras fosse o novo procurador-geral da República. Para isso, o coordenador da Lava Jato usou seu prestígio junto a ministros do governo de Jair Bolsonaro, senadores e ministros do Supremo Tribunal Federal. As informações foram obtidas por mensagens vazadas do aplicativo Telegram enviadas para o site The Intercept e divulgadas pelo UOL.

Dallagnol e Aras conversavam com frequência sobre estratégias para que o procurador regional se aproximasse de autoridades.

Quatro dias após o primeiro turno das eleições de 2018, com a vantagem de Bolsonaro e o nome do então juiz Sergio Moro ventilado como futuro integrante do governo, Aras fez um pedido a Dallagnol. “Fala com Moro sobre minha candidatura a PGR”, escreveu. “Com bolsonaro eleito, vou me candidatar”, completou. O coordenador da Lava Jato mostra otimismo: “conseguimos articular sua indicação”, diz. “Temos várias pessoas para chegar lá”. E completa: “Várias pessoas que se associaram a nós na luta contra a corrupção”.

Em abril deste ano, Deltan fala para Aras: “Peço reserva, mas Moro confirmou pra mim que Vc é o candidato que ele vai defender”.

O procurador regional pediu a Dallagnol uma aproximação com ministros do Supremo Tribunal Federal. “Vc poderia me apresentar a Barroso e Fachin?”, perguntou. “Preciso de aliados no STF”. Deltal confirmou: “Posso sim, claro”. E continuou: “Prov em março vou prai pra dar uma aula magna em uma faculdade com o dia livre e marcamos c eles”.

A decisão sobre quem ocupará o cargo de procurador-geral da República é do presidente. No entanto, desde 2001, membros do Ministério Público Federal votam e uma lista com três integrantes é levada ao presidente como sugestão. Aras ficou em quinto. Atualmente, o cargo é ocupado por Raquel Dodge, que fica até o dia 17 de setembro. Bolsonaro já sinalizou que não deve indicar nenhum dos três nomes da lista.

Em nota, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba informa que “não reconhece as mensagens que lhe têm sido atribuídas. O material é oriundo de crime cibernético e sujeito a distorções, manipulações e descontextualizações. É legal, legítimo e recomendável que procuradores busquem o aperfeiçoamento institucional. Isso engloba a participação no processo de escolha do novo procurador-geral. Procuradores podem incentivar colegas a se candidatarem, assim como fazer contatos e encampar iniciativas para a escolha dos melhores candidatos pelos colegas e pelo presidente. Diversas vezes, iniciativas cogitadas não se realizaram após reflexão e ponderações internas. Os integrantes da força-tarefa da Lava Jato têm reiteradamente defendido que a escolha do novo procurador-geral seja feita a partir da lista tríplice, sem manifestar apoio a determinado candidato.”

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