Em delação, Marcos Valério relata propina a Aécio desde os anos 90

Marcos Valério. Foto: Agência Brasil

Marcos Valério. Foto: Agência Brasil

Depois de ter proposta de delação premiada rejeitada pelo Ministério Público Estadual de Minas Gerais (MP-MG), Marcos Valério fechou delação com a Polícia Federal e, agora, aguarda homologação do Supremo Tribunal Federal (STF), já que cita políticos com foro privilegiado.

Segundo “O Globo”, “em seu acordo, que está sob sigilo, Valério fala sobre o uso de mecanismos de desvio do PT e do PMDB em contratos dos Correios no governo Lula, e de publicidade estatal do governo Aécio Neves [PSDB] em Minas Gerais (2003-2005). Relata também detalhes do que afirma ser o caixa paralelo montado por suas agências de publicidade para operar desvios durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), em contratos do Banco do Brasil, da Fundacentro e da Eletrobras”.

Ainda de acordo com o jornal, Valério “sustenta que suas agências de publicidade participaram do financiamento ilegal da atividade política de Aécio desde os anos 90. Afirma que o tucano recebia 2% do faturamento bruto dos contratos do Banco do Brasil no governo FH, valores que seriam pagos por meio de Paulo Vasconcelos, citado como representante de Aécio junto à empresa”.

O delator conta ainda, segundo a publicação, que “parte dos recursos desviados da campanha pela reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB-MG), em 1998 — no processo que ficou conhecido como mensalão mineiro — abasteceu caixa 2 da campanha de Aécio a deputado federal”.

Valério contou ainda que “valores desviados de contrato dos Correios na gestão petista eram acertados com o então ministro de Comunicações Hélio Costa e o diretor comercial da estatal, Carlos Fioravante. Então chefe da Casa Civil, José Dirceu seria beneficiário de uma mesada de R$ 50 mil”, segundo o jornal.

O delator relatou também, de acordo com a publicação, “bastidores de operação para retirar da CPMI dos Correios, em 2005, documentos sobre a relação do Banco Rural com tucanos em Minas, tema que já é alvo de inquérito no STF, motivado por delação do ex-senador Delcídio Amaral. A operação teria contado com a participação dos então subrelatores da CPMI Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Eduardo Paes (à época no PSDB-RJ). Integrantes do Banco Rural teriam escondido documentos no Uruguai”.

Valério cumpria pena de 37 anos de prisão pela ação do mensalão na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), e foi transferido nesta segunda-feira (17) para a Associação de Proteção e Assistência a Condenados (Apac), em Sete Lagoas (MG), a pedido da PF. A transferência para a unidade — que propõe atendimento humanizado de presos e tem vagas limitadas — era solicitada desde o ano passado por seus advogados, mas não havia vagas.

As pessoas citadas foram procuradas pelo jornal. “A assessoria de Aécio informou que o senador ‘jamais participou de qualquer ato ilícito praticado por Valério’ e negou que ele tivesse financiado o tucano por meio das agências. Segundo a nota, ‘é preciso que acusações feitas por delatores sejam sustentadas por provas verdadeiras, sob o risco de servirem, unicamente, para que réus confessos obtenham a impunidade penal’. Advogado de Aécio, Alberto Toron classificou as acusações como ‘falsas e absurdas’ e disse que Aécio interrompeu os contratos com as agências quando o escândalo do mensalão estourou”.

Já o “ex-diretor dos Correios, Carlos Fioravanti informou não ter tratado de contratos de marketing. Hélio Costa não foi localizado. O advogado de Dirceu, Roberto Podval, negou os pagamentos e disse que ‘a credibilidade deste delator é absolutamente vazia’. Eduardo Paes e Carlos Sampaio negaram ter participado de operação para esconder documentos. Segundo Paes, Valério é um ‘delinquente e safado que conta histórias que “ouviu dizer”‘. Em viagem à Europa, Fernando Henrique não foi localizado para comentar”.

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