Pesquisa Datafolha publicada neste sábado (18) mostra que para 76% dos brasileiros o presidente Jair Bolsonaro deve sofrer impeachment se não cumprir ordens judiciais.
Outros 21% acreditam que o presidente não deveria ser punido por desobedecer a Justiça, enquanto 3% não souberam opinar. A pesquisa levou em conta a ameaça feita por Bolsonaro durante o ato de caráter golpista convocado para o feriado nacional do 7 de Setembro , no qual o presidente afirmou que não iria cumprir nenhuma
ordem judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O Instituto de pesquisas ouviu 3.667 pessoas em 190 cidades do país entre os dias 13 e 15 de setembro. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Manifestações
As manifestações lideradas por Jair Bolsonaro no dia 7 de setembro geraram o efeito contrário ao esperado pelo presidente e seus apoiadores. Com pautas antidemocráticas, os atos tinham como objetivo cacifar um suposto apoio da população ao chefe do Executivo em meio a sucessivos revezes no STF, que vem investindo contra a organização de atos golpistas e divulgação de fake news.
O resultado, no entanto, foi o oposto: o presidente do STF, Luiz Fux, reagiu com um pronunciamento em que apontou possibilidade de Bolsonaro ter cometido crime de responsabilidade e as movimentações por um impeachment ganharam novo fôlego no Congresso Nacional.
E não foi só no meio político que a tese do impeachment teve novo impulso. A população também voltou a dar atenção ao tema e isso se refletiu nas buscas feitas pelo Google.
Dados do Google Trends, plataforma que mede as pesquisas no buscador, mostram que a procura pelo termo “impechament Bolsonaro” teve uma disparada considerável no dia 8 de setembro – exatamente um dia após os atos golpistas.
O Google Trends faz uma escala de 0 a 100 na popularidade do assunto. Analisando as buscas no período de 1 mês (entre 15 de agosto e 15 de setembro), a busca por “impeachment Bolsonaro” atingiu o pico máximo (100) no dia 8. Para se ter uma ideia, o índice de procura para este termo flutuava entre os índices 0 e 22 nos outros dias deste período.
Mais dados
Na pesquisa com resposta estimulada e única, a avaliação de que Bolsonaro deve sofrer processo de impeachment chega a 93% entre homossexuais e bissexuais. 91% dos estudantes também concordam com a afirmação, assim como 69% dos evangélicos entrevistados e 57% dos empresários.
A avaliação de que Bolsonaro não deveria ser retirado do cargo de chefe do Executivo é feita por 59% das pessoas que aprova o governo Bolsonaro. 24% dos que se declaram brancos também rejeitam o impeachment do presidente, assim como 14% dos que ganham até dois salários mínimos. Entre os eleitores de 16 e 24 anos, apenas 11% defendem a permanência de Jair Bolsonaro na presidência.
Sobre as falas de tom golpista do presidente Jair Bolsonaro, 86% dos jovens de 16 a 24 anos defendem um impeachment neste caso. 82% dos mais pobres e 94% dos que rejeitam o presidente também apoiam o afastamento de Bolsonaro.
Já 32% dos mais ricos são mais tolerantes aos ataques institucionais, e não veem necessidade da abertura de um processo de impeachment. No grupo de empresários, 39% também defendem a permanência de Bolsonaro, assim como 59% do grupo de pessoas que aprovam o governo.
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