Dallagnol pediu a Moro dinheiro da Vara Federal para pagar publicidade na Globo, diz site

Sérgio Moro e Deltan Dallagnol. Foto: Reprodução de Internet

Sérgio Moro e Deltan Dallagnol. Foto: Reprodução de Internet

Um novo diálogo entre o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, e o ex-juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública foi divulgado na noite desta segunda-feira (15) pelo jornalista Reinaldo Azevedo em parceria com o site “The Intercept Brasil’.

As mensagens no Telegram foram trocadas em 16 de janeiro de 2016. De acordo com as conversas, Moro autorizou que R$ 38 mil fossem usados pela 13ª Vara Federal de Curitiba, onde atuava, para pagar uma campanha publicitária das “Dez Medidas Contra a Corrupção”.

Dallagnol diz a Sergio Moro: “Você acha que seria possível a destinação de valores da Vara, daqueles mais antigos, se estiverem disponíveis, para um vídeo contra a corrupção, pelas dez medidas, que será veiculado na Globo?”.

O chefe da Lava Jato se refere à 13a. Vara Federal de Curitiba, que era comandada por Moro, onde o então juiz julgava os processos da Lava Jato.

“A produtora está cobrando apenas custos de terceiros, o que daria uns 38 e poucos mil”, acrescenta o procurador. “Se achar que pode arranhar a imagem da Lava Jato, nem nós queremos”, completa.

Em seguida, Dallagnol envia a Moro um arquivo em formato PDF com o roteiro do comercial.

Moro responde no dia seguinte: “se for uns 38 mil, acho que é possível. Deixa eu ver na terça e te respondo”.

Os diálogos divulgados integram arquivos — mensagens de texto, gravações em áudio, vídeos, fotos, documentos judiciais e outros itens — enviados por uma fonte anônima ao site “The Intercept Brasil”.

A atitude de Dallagnol demonstra que o procurador tinha conhecimento sobre os recursos financeiros da 13ª Vara, o que sinaliza reforça uma proximidade ilegal entre a acusação da Lava Jato e o então juiz, o que é ilegal. A ilegalidade é ainda mais latente uma vez que Moro topou a liberação dos recursos, algo que não compete a ele enquanto juiz.

“Como uma vara federal não gera recursos, mas os recebe do TRF — que, por sua vez, tem a dotação orçamentária definida pelo Conselho da Justiça Federal —, ou o dinheiro teria de sair do caixa para despesas correntes, e não parece ser o caso, ou decorreria de depósitos judiciais ou multas decorrentes das sentenças aplicadas pelo juiz. Em qualquer hipótese, trata-se de uma ilegalidade”, descreveu Azevedo no texto que acompanha a divulgação das mensagens inéditas. Confira no Blog a imagem do PDF e mais detalhes da conversa.

Tanto Moro como os procuradores dizem não reconhecer como autêntico o material que vem a público, mas também não negam a sua veracidade.

Confira o diálogo divulgado:

13:32:56 Deltan – Vc acha que seria possível a destinação de valores da Vara, daqueles mais antigos, se estiverem disponíveis, para um vídeo contra a corrupção, pelas 10 medidas, que será veiculado na globo?? A produtora está cobrando apenas custos de terceiros, o que daria uns 38 mil. Se achar ruim em algum aspecto, há alternativas que estamos avaliando, como crowdfunding e cotização entre as pessoas envolvidas na campanha. 13:32:56: Deltan – Segue o roteiro e o orçamento, caso queria (sic) olhar. O roteiro sofrerá alguma alteração ainda

13:32:56: Deltan – Avalie de modo absolutamente livre e se achar que pode de qq modo arranhar a imagem da LJ de alguma forma, nem nós queremos.

Em seguida, Deltan envia documentos em formato pdf a Moro, mostrando o valor das campanhas

No dia seguinte, o então juiz responde:

10:20:56 Moro – Se for só uns 38 mil achi (sic) que é possível. Deixe ver na terça e te respondo.

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