Coroinhas detalham denúncias contra arcebispo de Belém: ‘Me tocou e rezou’

Dom Alberto Taveira Corrêa. Foto: Basílica de Nazare/Divulgação

Quatro ex-seminaristas acusam o arcebispo de Belém (PA), Dom Alberto Taveira Corrêa, de abuso sexual durante encontros privados. O Vaticano e o Ministério Público (MP-PA) investigam o caso. Os jovens tinham de 15 a 18 anos quando teriam sofrido os abusos, entre 2010 e 2014.

Segundo as declarações dos coroinhas, o religioso usava o mesmo modus operandi para se aproximar deles e, na sequência, cometer os abusos. Eles contam que Dom Alberto falava sobre intimidades e, em seguida, aproveitava o momento para masturbá-los.

“Era uma conversa que ia fluindo. Ele perguntava muito sobre masturbação. Até que ele pedia para que mostrasse [o pênis]. No meu caso, em um momento ele abaixou as minhas calças. Depois, ele me tocou e rezou. Ele ia encostando e me abraçando”, disse um dos ex-seminaristas.

Os autores das acusações contra o arcebispo não tiveram os nomes revelados pelo “Fantástico” por questão de segurança.

O segundo coroinha a relatar o abuso afirmou que Dom Alberto dizia, ao tocá-lo, que isso “é coisa de homem”. “Quando ele me tocou, disse que era normal. Coisa de homem. Eu não via maldade porque confiava muito, mas aquilo foi se tornando permanente. Comigo foram dois anos”, falou.

Outro deles ainda disse que o religioso fazia ameaças para que os jovens não contassem o que estava acontecendo: “Ele pediu para baixar as minhas calças, aí eu abaixei até o joelho. Ele ficou apalpando. Depois, ele fazia ameaças: ‘Não fale nada porque vai ser muito pior para você’”.

De acordo com os jovens, o arcebispo também conversava sobre uma suposta cura para a homossexualidade. Os ex-seminaristas afirmaram que o arcebispo lhes entregou um livro em que são descritos procedimentos para o que ele chamava de “tratamento”.

“Você lia o livro e dizia assim: que ser homossexual é uma doença, que a gente precisava ser tratado e ajudado”, disse um religioso.

Os quatro coroinhas formalizaram no Ministério Público acusações de assédio e abuso sexual contra o arcebispo. Um deles até hoje não teria contado o caso para a família.

Inquérito

O inquérito, que corre sob segredo de Justiça, aponta que os crimes teriam ocorrido há pelo menos seis anos, em 2014, quando os jovens tinham entre 15 e 20 anos de idade e estudavam para se tornarem padres ou durante o processo de desligamento do seminário.

O Vaticano enviou a Belém uma comissão de investigação prevista dentro do Direito Canônico para ouvir todos os envolvidos na história, mas, até o momento, nenhuma conclusão foi tornada pública.

O outro lado

Durante uma missa, Dom Alberto se defendeu das acusações e disse que nem sequer foi ouvido antes de ser investigado. “Se alguém, porventura, pensasse por ação do demônio em acabar com a Igreja Católica, enganou-se. Deus vai fazer mais do que possamos imaginar”, disse.

O advogado do arcebispo, Roberto Lauria, disse que o seu cliente não foi ouvido pela polícia ou pelo MP, mas “está à disposição”.

“Obviamente que a primeira coisa a ser dita é a negativa e o repúdio a essa denúncia”, afirmou. “Nós vamos provar ao final desse inquérito que, diferentemente do que se pensa, os denunciantes não são quatro pessoas isoladas. São um grupo de pessoas que têm um profundo recalque, um profundo sentimento de vingança por Dom Alberto”.










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