‘Cemitério de vacinas’; CPI ouve ex-secretário da Saúde e convoca mais oito

09/06/2021 às 19h04 - Por Redação SRzd

Élcio Franco na CPI da Covid-19. Foto: Reprodução da TV

A CPI da Covid-19 do Senado Federal ouviu, nesta quarta-feira (9), Élcio Franco, ex-secretário-executivo do ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello.

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Franco foi questionado sobre a existência de um “gabinete paralelo” de aconselhamento ao governo Federal no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus e respondeu que não participava do grupo, nem tinha conhecimento do que era tratado:

“Que eu tenha conhecimento, esse grupo não teve nenhuma ação sobre a gestão do ministério ou das suas secretarias finalísticas. Nunca participei nem tomei conhecimento do que era tratado nesse grupo”, disse antes de defender que as declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nunca atrasaram a compra de vacinas:

“Não recebi ordem para interromper. E as tratativas continuaram. O Instituto Butantan, o Dr. Dimas, tinha o meu telefone. Em caso de alguma dificuldade de comunicação, poderiam ter mandando para o meu WhatsApp e conversado comigo”.

Ainda sobre as vacinas, sobretudo a chinesa, Élcio afirmou que, devido a “incertezas” e medo de que a CoronaVac terminasse num “cemitério de vacinas”, o governo optou por não comprar doses do imunizante em 2020.

“A fase 3 também é considerada um cemitério de vacinas. Isso cabe para destacar que o desenvolvimento das vacinas gera muitas incertezas. Esse é umaspecto que permeou as negociações de todas as vacinas. Pode haver o insucesso no desenvolvimento da vacina. A vacina, na fase 3, pode não lograr êxito e não ser aprovada”.

Sobre a polêmica em torno da cloroquina, medicamento propagado pelo presidente da República e seus aliados, o ex-secretário informou que o Ministério da Saúde comprou o fármaco em 2020 apenas para o tratamento da malária, ao qual a cloroquina é indicada, e não por conta do avanço da Covid-19:

“Durante nossa gestão não ocorreu aquisição de cloroquina para o ano de 2020, para o combate a Covid-19, porém, identificamos que para atender ao programa antimalária do primeiro semestre desse ano, em 30 de abril de 2020 foi assinado um termo aditivo ao TED com a Fiocruz no valor de R$ 50 mil visando a aquisição desse fármaco para entrega posterior. Enfatizo que é para o programa antimalária”.

Élcio ainda informou que a União comprou mais de 17 mil respiradores e que todos os equipamentos, insumos e verbas encaminhadas para estados e municípios constam dos documentos oficiais do Ministério da Saúde. O oficial, ao final da reunião, já no início da noite desta quarta-feira, ao ser questionado sobre um suposto relatório do Tribunal de Contas da União apontando uma supernotificação do número de mortos por Covid no país, informou que poderiam sim haver indícios de dados inflados por parte das secretarias estaduais.

+ assista ao vídeo com a sessão na íntegra:

+ novas convocações:

No início da sessão a Comissão aprovou a convocação do deputado Federal Osmar Terra (MDB), do auditor do TCU Alexandre Figueiredo, apontado como articulador de um relatório no Tribunal de Contas da União e mais oito pessoas:

+ Osmar Terra, deputado federal
+ Felipe Cruz Pedri, secretário de Comunicação Institucional do governo
+ José Alves Filho, empresário
+ Renato Spallicci, presidente da Apsen Farmacêutica
+ Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, auditor do Tribunal de Contas da União (TCU)
+ Francisco de Araújo Filho, ex-secretário de Saúde do Distrito Federal
+ Desenvolvedor (não nominado) do aplicativo TrateCov
+ Francieli Francinato, coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI)

A CPI da Covid-19 no Senado Federal segue nesta quinta-feira com a presença de Wilson Lima (PSC), governador do estado do Amazonas e na sexta, com Claudio Maierovitch, médico sanitarista da Fiocruz e ex-presidente da Anvisa, e a bióloga Natalia Pasternak.