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Caveirão ” a polêmica que ganhou a internet

Dia 15 de novembro, o governador eleito Sérgio Cabral Filho declarou que iria aposentar os 10 “Caveirões” da Polícia Militar e o “Pacificador”, da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil (Core). “É um trauma para as comunidades. Não dá para fazer segurança pública com Caveirão, é uma coisa assustadora”, declarou.

Dois dias depois, Cabral anunciou o futuro secretário de Segurança Pública, o delegado federal José Mariano Beltrame. Seu discurso foi contra tudo o que Cabral havia dito há dois dias atrás: “Não vamos transformar os Caveirões em sucata. O uso desses equipamentos obedecerá critérios rigorosos para preservar os policiais onde for necessário.” Algumas horas mais tarde, depois das declarações de Beltrame, Cabral voltou atrás: “Não podemos dispensar equipamento comprado com recursos públicos, seria irresponsabilidade.

A discussão sobre o uso do blindado em incursões na favela só alcançou a classe média em abril desse ano, com a denúncia de que policiais militares estavam exaltando o Caveirão na internet – defendendo uma filosofia de guerra e discriminação em fotologs, páginas pessoais do Orkut, etc. A polêmica foi aberta. Enquanto o governador parece não saber muito bem o que pensa a respeito do Caveirão, todos os segmentos da sociedade têm um discurso sobre ele.

As ONGs e as comunidades carentes

De acordo com a nota pública veiculada pelas organizações que lutam contra o uso de blindados, tais como o “Observatório de Favelas”, “Justiça Global” e “Grupo Legítima Defesa” o Caveirão é ” ameaçador e intimidador” e “alimenta um sistema de segurança baseado no policiamento discriminatório, violento e na criminalização da pobreza.” O emblema do BOPE, a “tropa de elite” da PM, é uma caveira empalada em uma espada sobre duas pistolas douradas – uma mensagem de combate armado, guerra e morte. O da PM traz símbolos da época colonial e escravocrata – os ramos de cana, café e a coroa – quando sua função principal era “disciplinar” e controlar a população negra escravizada.

A Polícia Militar

Em entrevista ao site SRZD, o Tenente Coronel Aristeu Leonardo, Relações Públicas da Polícia Militar, disse que não é verdade que há risco por conta do blindado. “O risco existe por causa da agressividade dos marginais da lei, que de forma indiscriminada atacam os policiais militares e pessoas de bem das comunidades carentes.” O Coronel também frisou que o carro blindado é apenas um veículo de transporte de tropa, que não possui armamento acoplado a sua estrutura. “Na Polícia Militar existe uma doutrina e uma série de normas baseadas em estudos realizados no exterior. Ele é importante no trabalho da Polícia Militar, e de maneira alguma deve ser extinto”.

A classe média

No site do Centro de Mídia Independente ( www.midiaindependente.org) existe uma página de incentivo ao fim do Caveirão e um fórum de debates. 85% dos que postaram defenderam, de forma inflamada, o uso do blindado ‘ mas não se identificaram, talvez pelo caráter preconceituoso de alguns comentários.

O argumento utilizado na maioria das vezes é o de que o Caveirão é necessário, e quem defende a sua extinção está apoiando o tráfico. “Um instrumento de repressão dos bandidos, que deve ser por natureza violento e brutal”, assim escreveu alguém sob o apelido de “Realista”. As ONGs que lutam segundo os direitos humanos foram classificadas como “caça-níqueis”, “hippies de esquerda”, “hipócritas” e “oportunistas”.

Fabio Rodrigues, ex-morador de favela, foi um dos poucos que comentou a favor da extinção do blindado: “Vocês nunca presenciaram uma incursão do Caveirão. Não tiveram suas mulheres assediadas por bandidos fardados. Não ouviram policiais gritando coisas horríveis em alto-falantes”.


Quem tem razão?

Segundo as declarações de Beltrame, os blindados vão continuar a fazer parte das operações da polícia.A proteção dos agentes que entram em favelas com missões especiais deve ser garantida, mas é sabido que existe o abuso de autoridade em alguns segmentos da Segurança ‘ no caso do Caveirão, são muitos os testemunhos de mortes de inocente por balas saídas de dentro do blindado.Antes de ser decidido o futuro do Caveirão, é preciso fazer uma reforma na Segurança Pública do Estado, um setor que foi abandonado nos últimos dois governos. Tudo está na mão do nosso governador eleito, Sérgio Cabral. Só ele pode mudar essa situação. Assim que se informar melhor a respeito dela. Como disse o novo Secretário do Meio-Ambiente Carlos Minc, “Quem, sobe a favela é o Caveirão e não os políticos”.

Redação SRzd

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