Cheryl Berno. Foto: Acervo pessoal

Cheryl Berno

Advogada, Consultora, Palestrante e Professora. Especialista em direito empresarial, tributário, compliance e Sistema S. Sócia da Berno Sociedade de Advocacia. Mestre em Direito Econômico e Social pela PUCPR, Pós-Graduada em Direito Tributário e Processual Tributário e em Direito Comunitário e do Mercosul, Professora de Pós-Graduação em Direito e Negócios da FGV e da A Vez do Mestre Cândido Mendes. Conselheira da Associação Comercial do Estado do Rio de Janeiro.

Câncer: Outubro Rosa, Novembro Azul, Dezembro Laranja, mas estamos no Vermelho

Medical 3D illustration of three cancer cells with a cell surface

O Brasil terá 625 mil novos casos de câncer a cada ano, de 2020 até 2022, e ninguém está livre dessa doença, que com a pandemia pode matar ainda mais, porque 50 mil diagnósticos de câncer deixaram de ser feitos no Brasil. O país está no vermelho. A obesidade está entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de 11, dos 19 tipos mais frequentes na população brasileira, mas fumar, consumir bebidas alcoólicas, sedentarismo e dieta pobre em vegetais continuam aumentando o risco de 10 tipos de câncer, que também pode ser provocado por outros fatores como amianto, agrotóxicos, mutações genéticas, hereditárias ou não, ou simplesmente não ter explicação conhecida*.

Cientistas e pesquisadores procuram respostas e tratamentos, mas ainda não encontraram uma cura geral, embora muito tenham descoberto para a prevenção de vários tipos, como atividades físicas, alimentação saudável (evitar carnes processadas, conservantes e sal em excesso), beber muita água, vacinas contra Hepatite, HPV e outras, uso de protetor solar e exames periódicos, como o de mama, cólo de útero, próstata, tomografia de pulmão e adrenal, ressonância magnética de abdômen, sangue, urina, dentre outros, recomendados pelos médicos, que devem sempre ser consultados em caso de sintomas ou ao menos uma vez por ano.

Para lembrar da gravidade do problema, Outubro foi Rosa, Novembro é Azul e Dezembro será Laranja, dedicado ao câncer de pele não melanoma, o mais frequente no Brasil e no mundo. A estimativa do INCA (Instituto Nacional do Câncer) é de 177 mil novos casos, o que o lhe confere o sinistro primeiro lugar em incidência no Brasil, acometendo mais os homens nas regiões Sul (160,08/100 mil), Sudeste (89,80/100 mil) e Centro-Oeste (69,27/100 mil). Entre as mulheres, é o mais frequente em todas as regiões do País.

Depois do câncer de pele, que terá mais casos em ambos os sexos, os mais comuns serão de mama e de próstata (66 mil cada), cólon e reto (41 mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil). Por sexo, os tipos mais frequentes, excluindo o de pele não melanoma, serão, nos homens, o de próstata (29,2%), cólon e reto (9,1%), pulmão (7,9%), estômago (5,9%) e cavidade oral (5,0%) e nas mulheres, os de mama (29,7%), cólon e reto (9,2%), colo do útero (7,4%), pulmão (5,6%) e tireoide (5,4%).

Não costumam aparecer nas estatísticas os tipos mais raros e agressivos como o câncer de adrenal (a glândula suprarrenal que fica em cima de cada rim e produz hormônios essenciais à vida), que nas regiões sul e sudeste do Brasil tem incidência de 10 a 15 vezes maior do que no resto do mundo, atingindo principalmente crianças e adolescentes, em decorrência de uma mutação genética no gene TP53-R337H, segundo a médica e pesquisadora Dra. Maria Candida Barisson Villares Fragoso, professora do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), que é referência no Brasil em doenças da adrenal.

A Síndrome de Li-Fraumani, causada por esse gene, R337H, predispõe os seus portadores a um maior risco de câncer de vários tipos. Segundo a médica geneticista Maria Isabel Achatz, atualmente no Hospital Sírio Libanes, estudos nas populações de Porto Alegre (RS) e de Curitiba (PR) demonstraram que uma em cada 300 pessoas tem essa síndrome e estima-se que cerca de 300 mil indivíduos sejam afetados no Brasil. No mundo essa doença afeta uma em cada 10 mil pessoas. A alta incidência é porque na colonização, os portugueses disseminaram essa mutação genética pelas trilhas dos tropeiros.

Câncer é o nome dado a mais de 100 doenças diferentes, que têm em comum o crescimento desordenado das células, que invadem tecidos e órgãos, dividindo-se rapidamente e ficando agressivas e incontroláveis, determinando assim a formação de tumores, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo (metástase). Quanto mais a população envelhece, maiores as chances de ter algum tipo de câncer e cada um poder ter uma causa, prevenção e tratamento diferente, o que dificulta a descoberta de uma cura geral. Mas, a medicina precisa avançar para frear a epidemia global de câncer, que tende a aumentar nos próximos anos.

Atualmente, 7,6 milhões de pessoas no planeta morrem em decorrência da doença a cada ano, sendo que 4 milhões têm entre 30 e 69 anos. Ao menos que sejam tomadas medidas urgentes e desenvolvidas estratégias para lidar com o câncer, a previsão para 2025 é de 6 milhões de mortes prematuras por ano. Estima-se que 1,5 milhão de mortes anuais por câncer poderiam ser evitadas com medidas mais efetivas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem como meta reduzir em 25% os óbitos por doenças não transmissíveis até 2025. O Brasil conta com o SUS, faculdades e outras instituições públicas para enfrentar esta guerra.

Para ajudar na cura, além de pesados investimentos em pesquisas, que se espera sejam feitos pelos governos e empresas, é indispensável a aprovação de alguns projetos de lei como o PL 3406/20, que garante aos pacientes de quimioterapia do SUS o direito de receber tratamento via oral, assim que o medicamento for aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mesmo não constando ainda na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) e o PL 6.330/19 que busca facilitar e ampliar o acesso dos pacientes de câncer à quimioterapia oral no Brasil. Esse último projeto foi aprovado por unanimidade em junho pelo Senado Federal, mas aguarda aprovação na Câmara dos Deputados e depois a sanção do presidente, Jair Bolsonaro. Você pode ajudar cobrando investimentos do governo e a aprovação dos projetos. Vote na enquete da Câmara pela sua aprovação clicando em https://forms.camara.leg.br/ex/enquetes/2255608. Quem tem câncer não pode esperar e todo mundo pode ter. A cada ano morrem 200 mil brasileiros dessa doença.

*Dados do Instituto Nacional do Câncer, Estimativa 2020 – Incidência de Câncer no Brasil, disponível na Internet no site da instituição: https://www.inca.gov.br/

Para saber mais:

http://icesp.org.br/

http://www.sbcancer.org.br/

https://accamargo.org.br/

http://www.oncoguia.org.br/conteudo/canal-ligue-cancer/1200/13/

http://abrapac.org.br/index.php

Comentários

 




    gl