Burocracia vai atrasar a chegada de vacina contra Covid-19 na rede privada

Vacina. Foto: Reprodução de Internet

Com a validação das primeiras vacinas contra a Covid-19, o mundo voltou os olhos para a possibilidade de uma imunização. Enquanto os governos pensam em um esquema de proteção a ser disponibilizado gratuitamente para grupos de risco, o mercado de saúde privada sequer tem previsão de quando o produto estará disponível e quanto custará.

Em entrevista ao site “Metrópoles”, o presidente da Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC), Geraldo Barbosa, explica que a capacidade de a indústria atender à demanda e, no caso do Brasil, a necessidade de legislação para que o produto seja liberado no mercado privado atrasarão a chegada das vacinas na rede particular.

A notícia frustra as expectativas de quem não está nas faixas etárias que são prioridade na vacinação a ser executada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que será em quatro fases e deve começar em março de 2021. “Entendemos a ansiedade, mas a própria indústria está preocupada em fazer o volume necessário de imunizantes. A gente não terá comercialização a curto prazo”, lamenta.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alterou regras a fim de que a vacina seja utilizada de forma emergencial. Contudo, as modificações só são válidas para o uso no SUS. Com a finalidade de comercialização, explica Geraldo, o processo é longo. O trâmite começa com a apresentação dos resultados finais pelos laboratórios – diferente dos trechos que estão sendo avaliados agora para acelerar a autorização – e termina com o registro, caso aprovado.

“A indústria tem que submeter o resultado final à Anvisa para avaliação. Teremos a vacina, mas o processo é mais lento para o mercado privado, infelizmente, não teremos a curto prazo a disponibilidade. Vamos monitorar a entrada dos documento na Anvisa. Nenhuma vacina está com o registro agora”, frisa.

Sequer é possível estimar o valor que as clínicas cobrarão pelo produto. Ainda não foi calculado o Preço de Fábrica (PF), uma exigência legal. “O mercado privado tem uma outra lógica de custo, de entrega, de temperatura, de carga tributária e de Preço de Fábrica que são diferentes do público”, detalha.

Apesar da indisponibilidade inicial, Geraldo está otimista com a descoberta da vacina. “Nunca se teve na história um investimento como esse na busca pela vacina contra a Covid-19. É um marco muito forte”, avalia.

Para ele, nem a pandemia da gripe H1N1, em 2009, mobilizou a ciência de tal forma. “Como tínhamos a vacina, foi rápido mudar a cepa do vírus. Não tivemos que estudar para produzir a vacina. Com isso, a procura foi grande e resposta, rápida. Essa ansiedade tremenda de agora foi algo assustador”, salienta.

Vacina Sputnik V. Foto: Divulgação/Fundo de Investimentos Diretos da Rússia (RDIF)

Geraldo comemora os resultados dos estudos e acredita que a imunização será bem-sucedida. “A gente vai ver em 2021 a vacinação no sistema público e o resultado será mensurado. Os estudos são bons e o resultado de proteção será alcançado”, torce.

Isso deve aguçar a busca pelo produto. Porém será preciso calma. “Até ter vacina suficiente para todo mundo isso vai demorar um pouco”, destaca. Ele completa. “Estamos falando de uma discussão de um ano, que normalmente se leva uma década.”

ONU alerta que 2021 ruma para ser catástrofe humanitária

O ano que vem está assumindo os contornos de uma catástrofe humanitária, e os países ricos não devem atropelar os países pobres em uma corrida por vacinas para combater a pandemia de coronavírus, disseram autoridades de alto escalão na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta sexta-feira.

O chefe do Programa Mundial de Alimentos (PMA), David Beasley, e o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, falaram durante uma reunião especial sobre a Covid-19, que surgiu na China no final do ano passado e já infectou 65 milhões de pessoas em todo o mundo.

A pandemia, as medidas adotadas pelos países para tentar conter sua disseminação e seu impacto econômico provocaram um aumento de 40% no número de pessoas necessitadas de ajuda humanitária, disse a ONU no início desta semana, apelando por 35 milhões de dólares de financiamento de ajuda.

“2021 será literalmente catastrófico, com base no que estamos vendo a esta altura”, disse Beasley, acrescentando que a fome está “batendo na porta” de uma dúzia de países.

Ele disse que o próximo ano provavelmente será “o pior ano de crise humanitária desde o início das Nações Unidas”, 75 anos atrás, e que “não conseguiremos financiar tudo… então temos que priorizar, como digo, os icebergs diante do Titanic”.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, e suas principais autoridades também pediram que as vacinas contra Covid-19 sejam disponibilizadas para todos e que os países ricos ajudem países em desenvolvimento no combate e na recuperação da pandemia.










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