Brumadinho: 3 meses após tragédia, 37 pessoas continuam desaparecidas

Tragédia em Brumadinho. Foto: Divulgação/CEMIG Barragem de Brumadinho

Tragédia em Brumadinho. Foto: Divulgação/CEMIG Barragem de Brumadinho

O dia 25 de janeiro de 2019 foi marcado pela tragédia do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho (MG). Nesses três meses completados nesta quinta-feira (25), 233 mortos foram identificados, mas 37 pessoas continuam desaparecidas e ainda são procuradas pelo Corpo de Bombeiros, que atua com 150 militares, quatro cães e 97 máquinas pesadas divididos em 24 frentes de trabalho. Veja abaixo a lista dos desaparecidos divulgada pela Vale:

Angelita Cristiane Freitas de Assis
Aroldo Ferreira de Oliveira
Bruno Rocha Rodrigues
Carlos Henrique de Faria
Carlos Roberto Pereira
Cristiane Antunes Campos
Cristiano Jorge Dias
Cristiano Serafim Ferreira
Elis Marina Costa
Elizabete de Oliveira Espíndola Reis
Emerson José da Silva Augusto
Evandro Luiz dos Santos
Geraldo de Medeiro Filho
João Marcos Ferreira da Silva
João Paulo Altino
João Paulo Ferreira de Amorim Valadão
João Tomaz de Oliveira
Juliana Creizimar de Resende Silva
Lecilda de Oliveira
Luciano de Almeida Rocha
Luis Felipe Alves
Luiz Carlos Silva Reis
Manoel Messias Sousa Araujo
Maria de Lurdes da Costa Bueno
Max Elias de Medeiros
Miraceibel Rosa
Nathalia de Oliveira Porto Araujo
Nilson Dilermando Pinto
Noel Borges de Oliveira
Olímpio Gomes Pinto
Renato Eustáquio de Sousa
Robert Ruan Oliveira Teodoro
Rodrigo Miranda dos Santos
Rogério Antonio dos Santos
Tiago Tadeu Mendes da Silva
Uberlandio Antonio da Silva
Vagner Nascimento da Silva

A barragem, localizada a 57 quilômetros de Belo Horizonte, rompeu-se por volta das 12h20, de 25 de janeiro. Sobreviventes relatam que um mar de lama tomou conta de estradas, do rio, do povoado e, sobretudo, da área da Vale, empresa responsável pela barragem. Como era hora do almoço, muitos funcionários ficaram retidos no restaurante.

Parentes de família morta em Brumadinho vão à Justiça e pedem R$ 40 milhões

Parentes de uma família que morreu na tragédia de Brumadinho (MG) moveram uma ação no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) cobrando da mineradora Vale uma indenização de R$ 40 milhões. No dia 25 de janeiro, quando a barragem da Mina do Feijão se rompeu, Luiz Taliberti, sua irmã Camila Taliberti e sua esposa Fernanda Damian, grávida de cinco meses, estavam na Pousada Nova Estância, que foi soterrada pela lama de rejeitos.

De acordo com o advogado Paulo Korte, que representa a família no processo, a ação cobra R$ 10 milhões para cada vida, incluindo a do bebê. O cálculo levou em conta um documento interno da Vale obtido pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Ele apresenta uma metodologia elaborada pelo engenheiro norte-americano Robert Whitman, em 1981, no qual o valor da vida é estipulado em US$ 2,56 milhões. Convertido para a moeda brasileira com base na cotação atual, esse montante equivale a aproximadamente R$ 10 milhões.

O documento interno da Vale também tem sido usado como referência para ações de indenização movidas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e por um grupo de sindicatos que representam os trabalhadores atingidos na tragédia. A defesa da família das quatro vítimas sustenta que o valor estipulado na metodologia é módico para a mineradora.

“É uma reparação financeira muito proporcional ao lucro da Vale. No ano passado, ela lucrou cerca de R$ 25 bilhões. Na hipótese de ela vir a indenizar cada família de vítima com R$ 10 milhões, mesmo considerando os mais de 200 mortos, isso vai representar 10% do lucro do ano passado. É muito razoável. Chega a ser módico”, diz Paulo Korte.

A ação foi movida em nome da mãe de Luiz e de Camila e dos pais e irmã de Fernanda. O advogado diz que foram feitos mais dois pedidos. A defesa quer que a Justiça obrigue a Vale a colocar na entrada de sua sede um memorial com um pedido de desculpas, acompanhado de uma foto de Luiz, Camila e Fernanda e de uma frase dizendo que a vida vale mais que o lucro.

“Além disso, queremos que a Vale seja obrigada a fazer uma homenagem às vítimas de Brumadinho, ao longo de 20 anos, em todas as assembleias anuais realizadas para distribuição de lucro aos acionistas. No início das assembleias, os presentes deverão ficar em pé e fazer pelo menos um minuto de silêncio”, acrescenta Paulo Korte.

Em nota, a Vale informou que não foi intimada na ação. A mineradora destacou que assinou no dia 8 de abril um termo de compromisso com a Defensoria Pública de Minas Gerais para viabilizar acordos individuais e extrajudiciais com os atingidos. Essas tratativas têm sido defendidas pela Defensoria Pública como a forma mais eficaz para a obtenção da indenização, enquanto o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) acredita nas negociações coletivas como meio de busca de reparações mais justas.

A Vale também listou em sua nota outras medidas adotadas em benefício dos atingidos, como a doação de R$ 100 mil para as famílias de cada morto, o suporte para atendimento médico e psicológico e o acordo que assegurou um pagamento emergencial mensal. “Até o momento, 12,4 mil moradores já receberam as indenizações nos municípios de Brumadinho, Mário Campos e São Joaquim de Bicas”, registra a mineradora.

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