Brasil entra em recessão: saiba o que é e como te afeta

Gráfico e tela. Foto: Pikist

Gráfico e tela. Foto: Pikist

O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, recuou 0,1% no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o trimestre anterior. O PIB, no período, somou R$ 2,2 trilhões.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Como se trata da segunda queda seguida, o país já entra em estado de recessão técnica.

Como isso afeta a vida dos brasileiros?

De acordo com a agência Bloomberg, recessão é um período de contração no ciclo econômico, isto é, de retração geral na atividade econômica, com queda no nível da produção (medida pelo Produto Interno Bruto), aumento do desemprego, queda na renda familiar, redução da taxa de lucro, aumento do número de falências e concordatas, aumento da capacidade ociosa e queda do nível de investimento.

Apesar de agora ser oficial, especialistas do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace) da Fundação Getúlio Vargas dizem que o Brasil está em recessão desde março de 2020, quando são considerados parâmetros mais amplos de emprego, renda e qualidade de vida.

“A gente não reconhece o termo recessão técnica. O comitê se reúne quando existe algum fato novo, e isso ainda não ocorreu. O desemprego continua alto, com uma inflação que vai para dois dígitos. Se o Codace se reunir é para dizer que a recessão piorou”, disse Claudio Considera, pesquisador associado da FGV IBRE ao jornal “O Globo”.

Em 2020, auge da pandemia de Covid-19, o Brasil recuou 4,1%. Com o crescimento esperado de 4,78% neste ano, no biênio a economia permaneceu praticamente estagnada. Ao mesmo tempo, a população cresceu 0,9%, o que indica perda no PIB por pessoa.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, continua confiante e aposta em crescimento maior que 2% para o PIB em 2022, mas o pessimismo dos economistas do mercado, que projetam alta de 0,58%, pode afetar as expectativas do ministro.

Mais dados

Na passagem do segundo para o terceiro trimestre deste ano, a queda foi puxada pelo setor agropecuário, que teve perdas de 8%. Segundo a pesquisadora Rebeca Palis, do IBGE, o resultado foi influenciado pelo encerramento da safra de soja, que fica mais concentrada no primeiro semestre do ano.

“Como ela é a principal commodity brasileira, a produção agrícola tende a ser menor a partir do segundo semestre. Além disso, a agropecuária vem de uma base de comparação alta, já que foi a atividade que mais cresceu no período de pandemia e, para este ano, as perspectivas não foram tão positivas, em ano de bienalidade negativa para o café e com a ocorrência de fatores climáticos adversos na época do plantio de alguns grãos”, afirma a pesquisadora.

A indústria manteve-se estável no período. Por outro lado, a alta de 1,1% do setor de serviços evitou um recuo maior do PIB no terceiro trimestre. A construção cresceu 3,9% e evitou uma queda da indústria.

A alta dos serviços foi puxada por outras atividades de serviços (4,4%), informação e comunicação (2,4%), transporte, armazenagem e correio (1,2%) e administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,8%). As atividades imobiliárias mantiveram-se estáveis, enquanto atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados e comércio tiveram quedas de 0,5% e 0,4%, respectivamente.

Sob a ótica da demanda, a formação bruta de capital fixo, isto é, os investimentos, caiu 0,1%. O consumo das famílias cresceu 0,9%, enquanto o consumo do governo subiu 0,8%.

No setor externo, houve quedas nas exportações (-9,8%) e importações (-8,3%) de bens e serviços.

* Com informações da Agência Brasil

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