Bolsonaro fez troca na Polícia Federal antes de reunião com ministros, diz jornal

Jair Bolsonaro e Sérgio Moro. Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

Jair Bolsonaro e Sérgio Moro. Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

Mensagens trocadas entre o presidente Jair Bolsonaro e seu então ministro da Justiça, Sergio Moro, mostram que a pressão presidencial pela troca do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, começou cedo no dia 22 de abril, quando aconteceu a reunião ministerial que virou prova de inquérito que corre no Supremo Tribunal Federal (STF).

O vídeo com o conteúdo do encontro foi tornado público na última sexta-feira (22) por decisão do ministro do Supremo Celso de Mello, relator do inquérito que pode ter como desfecho até mesmo o afastamento do presidente.

Reveladas pelo jornal “O Estado de São Paulo”, as mensagens constam no inquérito e fazem parte do arquivo entregue por Moro aos investigadores.

“Moro, Valeixo sai esta semana”, escreveu o presidente, às 6h26 da manhã do dia 22 de abril. “Está decidido” e “Você pode dizer apenas a forma. A pedido ou ex oficio (sic)” são as outras mensagens de Bolsonaro a Moro.

Veja o conteúdo divulgado:

mensagens de Bolsonaro a Moro

O então ministro Moro respondeu a Bolsonaro apenas 11 minutos depois, dizendo: “Presidente, sobre esse assunto precisamos conversar pessoalmente. Estou ah disposição para tanto”, diz o ex-juiz na mensagem obtida pelo jornal.

Cerca de três horas depois, houve a reunião ministerial. A defesa de Bolsonaro para as acusações de Moro é baseada no argumento de que ele estava falando de sua segurança pessoal (realizada pelo Gabinete de Segurança Institucional) quando falou sobre trocas na “segurança do Rio”

Mas o vídeo deixa claro que Bolsonaro olha para Moro quando diz: “Esse serviço nosso é uma vergonha, que eu não sou informado e não dá para trabalhar assim, fica difícil. Por isso, eu vou interferir. Ponto final”.

As novas mensagens mostram que Jair Bolsonaro já havia decidido pela demissão de Valeixo, deixando como opções para Moro escolher se a exoneração seria registrada “a pedido” ou não.

No final, o Diário Oficial da União registrou como “a pedido” com a assinatura de Moro, que o ministro diz não ter dado.

Bolsonaro reafirmou na sexta-feira (23), em entrevista na portaria do Palácio da Alvorada após a divulgação do vídeo, que a decisão de sair havia partido, na verdade, do próprio Valeixo.

“O senhor Valeixo de há muito vinha falando que queria sair. Na véspera da coletiva do senhor Sérgio Moro, dia 24, o senhor Valeixo fez uma videoconferência com os 27 superintendentes do Brasil, onde disse que iria sair. Eu liguei pro senhor Valeixo, o qual respeito, na quinta-feira, à noite. Primeiro ele ligou pra mim. Depois eu retornei a ligação pra ele. ‘Valeixo, tudo bem?. Sai amanhã? Ex-officio ou a pedido?’. A pedido”, disse ele.










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