Bolsonaro recua e diz que ‘pequena parte’ da população passa fome no país

Mãos estendidas. Foto: Reprodução de Internet

Mãos estendidas. Foto: Reprodução/Facebook

Após ter dito nesta sexta-feira (19) que não existe fome no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro afirmou não saber por que uma “pequena parte” da população passa fome e por que “outros passam mal ainda”.

“Olha, o brasileiro come mal. Alguns passam fome. Agora, é inaceitável um país tão rico como o nosso, com terras agricultáveis, água em abundância, até o semiárido nordestino tem uma precipitação pluviométrica maior do que Israel. E falei também na questão das Pequenas Centrais Hidrelétricas. Você leva dez anos para conseguir uma licença. E qualquer hectare de água produz de 10 a 15 toneladas de tilápia por ano. Então, um país aqui que a gente não sabe por que pequena parte passa fome e outros passam mal ainda”, afirmou.

Mais cedo, em uma entrevista a jornalistas estrangeiros, Bolsonaro disse que “falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira”. “Passa-se mal, não se come bem. Aí eu concordo. Agora, passar fome, não”, disse.

Bolsonaro já havia associado fome à forma física. “Você não vê gente mesmo pobre pelas ruas com físico esquelético como a gente vê em alguns outros países pelo mundo”, afirmou na parte da manhã.

Questionado sobre se estava voltando atrás na declaração inicial, o presidente ficou irritado e disse que “não via nenhum magro” entre os jornalistas.

“Ah, pelo amor de Deus, se for para entrar em detalhe, em filigrana, eu vou embora. Eu não tô vendo nenhum magro aqui, tá certo? Temos problema alimentar no Brasil? Temos, não é culpa minha, vem de trás, estamos tentando resolver”, completou.

De acordo com o relatório Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe 2018, divulgado no ano passado pela FAO (órgão da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), 5,2 milhões de pessoas no Brasil estavam em estado de subalimentação (isto é, não contavam com alimentos suficientes para satisfazer suas necessidades energéticas) no triênio entre 2015 e 2017.

Ainda segundo o relatório, o Brasil, entre outros países, tem capacidade produtiva suficiente para promover a quantidade adequada de frutas e verduras para sua população, mas fatores como exportação contribuem para que haja um déficit neste cenário. O estudo ainda diz que pobreza e fome estão diretamente associadas.

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