Bolsonaro mantém no governo secretário suspeito de corrupção: ‘excelente profissional’

O presidente Jair Bolsonaro decidiu manter no cargo o chefe da Secretaria de Comunicação do Governo, Fábio Wajngarten, acusado de receber dinheiro de empresas de mídia contratadas pelo Planalto.

“É um excelente profissional. Se fosse um porcaria igual alguns que tem por aí, ninguém estaria criticando ele”, disse o ocupante do Planalto nesta quinta-feira (16).

“Se for ilegal, a gente vê lá na frente. O que eu vi até agora, está tudo legal com o Fabio. Vai continuar. É um excelente profissional”, completou Bolsonaro em sua defesa ao secretário.

Reportagem do jornal “Folha de São Paulo” publicada nesta quarta-feira (14), aponta que Wajngarten teria recebido, através de uma empresa da qual é sócio, recursos de emissoras de televisão e agências de publicidade que tem contrato com o governo de Jair Bolsonaro. Dentre elas, estão a Band e a RecordTV.

De acordo com a legislação vigente, é proibido que integrantes da cúpula do governo mantenham negócios com pessoas físicas ou jurídicas que influenciem suas decisões, configurando conflito de interesses e até improbidade administrativa. Dentre as penalidades, está a demissão do agente público envolvido.

A FW Comunicação e Marketing oferece ao mercado estudos de mídia e verifica se peças publicitárias contratadas foram veiculadas. Segundo dados da Receita e da Junta Comercial de São Paulo, Fabio é dono de 95% de cotas da empresa e tem sua mãe como sócia.

Em nota, o chefe da Secom disse que antes de tomar posse para assumir sua função deixou o posto de administrador da empresa. Fabio também afirmou que não há nenhum conflito de interesses em manter negócios com empresas que órgãos do governo tem contrato.

Band e Record entre outras

A reportagem confirmou que a FW tem contratos com ao menos cinco empresas que recebem do governo, entre elas a Band e a Record, cujas participações na verba publicitária da Secom vêm crescendo.

O negócio, além de antiético, é ilegal. A legislação proíbe que integrantes da cúpula do governo mantenham transações comerciais com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões.

O que disse Fábio Wajngarten

Fábio Wajngarten confirmou ter negócios com a Band e a RecordTV. Ele não informou os valores, justificando que os contratos têm cláusulas de confidencialidade: “Todos os contratos existem há muitos anos e muito antes de sua ligação com o poder público”.

O Ministério Público de Contas informou que vai pedir ao Tribunal de Contas da União (TCU) a revisão das contas do governo do presidente Jair Bolsonaro em razão das denúncias.