Comunicação de Bolsonaro muda, foge da razão e apela ao coração, por Sidney Rezende

Deputado Jair Bolsonaro. Foto: Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Jair Bolsonaro. Foto: Pozzebom/Agência Brasil

Os vídeos favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro, postados nestas duas últimas semanas, mudaram de tom. A agressividade atribuída como criação do chamado Gabinete do Ódio, ao filho Carlos Bolsonaro, continua atuante no Twitter, mas, em paralelo, surgiu uma outra ação de convencimento político. Estratégia era usada no passado pelos marqueteiros do ex-presidente Lula, que, na época, era visto por parte da sociedade como um político subversivo, e, por isso, se teve a ideia de apresentá-lo mais humano, possuído de emoção como qualquer um, com mais ternura, e gerador de mais esperança. E não o reforço do metalúrgico barbudo de macacão que queria enfrentar o capitalismo selvagem de frente. Deu certo!

Carlos Bolsonaro. Foto: Divulgação/Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Carlos Bolsonaro. Foto:
Divulgação/Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Desta vez, Bolsonaro está tendo a imagem de religioso, o messias que crê em Deus acima de tudo (até no reforço ao sobrenome), alguém puro, do povo, sensível, sentimental, uma pessoa que sofre, chora, se emociona e é perseguida por todos que não têm Jesus no coração.

Tudo isso é feito com autorização do próprio presidente e, segundo fontes ouvidas, sob supervisão pelo Gabinete do Ódio. Assistam a este vídeo em postagem do próprio presidente. Detalhe: a voz da canção ao fundo é do Bispo da Universal do Reino de Deus, prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que recebeu o apoio (e filiação ao Republicanos) da família Bolsonaro para as próximas eleições municipais:

Assistam também ao vídeo da carreata com apoiadores em Curitiba, que saíram dos seus carros, de joelhos colados no asfalto orando pelo bem do presidente. São manifestações que misturam fé, emoção e política em favor de um grupo de poder.

Este apelo costuma funcionar com as pessoas que não percebem estarem sendo atraídas por marketing político com objetivo eleitoral. Bolsonaro está construindo sua base de resistência, caso precise contrapor a qualquer movimento racional que questione os desmandos do seu governo e critiquem sua irresponsabilidade diante da pandemia do novo coronavírus.

Nos próximos dias, serão postados outros vídeos dentro da mesma direção: gerar lágrimas e conexão sentimental entre eleitores e o projeto de poder do capitão, que perde espaço na sua relação com os demais poderes da República.







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