Bolsonaro enfraquece Moro e muda comando da PF do Rio; policiais reagem

Presidente Jair Bolsonaro participou de evento para "rememorar" o golpe de 64. Foto: Divulgação

Presidente Jair Bolsonaro participou de evento para rememorar o Golpe de 64. Foto: Divulgação

O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira (15) que irá trocar o superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, atropelando a autonomia da instituição. A PF fica sob a jurisdição do Ministério da Justiça, de Sergio Moro.

O atual chefe, Ricardo Saadi, será substituído por Carlos Henrique Oliveira, nome escolhido pelo diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Bolsonaro usou como justificativa “questões de produtividade” e “um sentimento” para tirar Saadi do comando.

Em nota de repúdio às declarações de Bolsonaro sobre a exoneração, o Sindicato dos Delegados de Polícia Federal em São Paulo afirma que chefe do Executivo é ‘desrespeitoso’ com a corporação. “A Polícia Federal é uma instituição de Estado e deve ter autonomia para se manter independente e livre de quaisquer ingerências políticas”, diz o texto.

Segundo reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”, o anúncio da mudança causou desconforto na corporação, uma vez que a troca já vinha sendo articulada pela cúpula, mas para as próximas semanas. O anúncio deu a entender, ainda, que a ideia foi do presidente, no entanto integrantes da PF asseguram que não houve interferência para a decisão.

O movimento de Bolsonaro indica intenção sua de interferir no caso Fabrício Queiroz, pivô da investigação que envolve o filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro . O caso não está com a PF, mas outras investigações podem envolver os mesmos personagens.

Policiais federais reagem à troca de comando da PF no Rio

A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) reagiu ao anúncio feito por Bolsonaro sobre a troca do comando da superintendência da PF no Rio de Janeiro.

Segundo o presidente da Fenapef, Luís Antônio Boudens, a medida atropelou o protocolo da PF e dá margem para a sociedade interpretar como se a medida tivesse sido determinação do presidente.

“Quando a notícia do presidente saiu na imprensa, a nossa preocupação foi com que parecesse que Saadi estava sendo trocado por determinação dele e não foi isso. Pareceu para a sociedade brasileira, imprensa e grande público que estava havendo um atropelo na decisão, mas o atropelo foi na notícia”, disse.

“Ele deveria dizer: olha, agora que foi me passada essa informação (da troca), e contar tudo, dizer que estava antecipando, e que não era uma determinação ou comando do presidente que pudesse parecer. Seria mais prudente que ele tivesse feito todo o anúncio, dado a informação completa. Com certeza, deste modo, ela não traria tantos reflexos na polícia e fora dela”, afirmou.

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