Bolsonaro pede celebração do golpe militar de 1964, diz porta-voz

Jair Bolsonaro e militares. Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Jair Bolsonaro e militares. Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro orientou os quartéis a comemorarem a “data histórica” do aniversário do dia 31 de março de 1964, quando um golpe militar derrubou o governo João Goulart e iniciou um regime ditatorial que durou 21 anos no Brasil. A informação foi confirmada nesta segunda-feira (25) pelo porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros.

“O nosso presidente já determinou ao Ministério da Defesa que faça as comemorações devidas com relação a 31 de março de 1964, incluindo uma ordem do dia, patrocinada pelo Ministério da Defesa, que já foi aprovada pelo nosso presidente”, afirmou Rêgo Barros durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto. Ainda não há nenhum decreto ou portaria que formalize a decisão.

Ao ser questionado por jornalistas sobre o que seriam as “comemorações devidas”, Rêgo, que na semana passada havia dito que não haveria nenhum tipo de comemoração relacionada à data, afirmou: “Aquilo que os comandantes acharem dentro das suas respectivas guarnições”.

Desde o período em que foi deputado federal, Bolsonaro sempre defendeu que o Brasil não viveu uma ditadura entre 1964 e 1985, mas, sim, um “regime com autoridade”. Seu governo reúne o maior número de militares na Esplanada dos Ministérios desde o período da ditadura.

Ao votar a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, Bolsonaro homenageou em plenário o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido pela Justiça de São Paulo como torturador durante o regime militar. Para Bolsonaro, Ustra é um “herói brasileiro”.

Em 2011, Dilma Rousseff, ex-militante torturada no regime ditatorial, orientou aos comandantes da Aeronáutica, do Exército e da Marinha a suspensão de qualquer atividade para lembrar a data nas unidades militares.

Para o porta-voz da Presidência, o agora presidente da República não considera que houve um golpe militar em 1964.

“O presidente não considera 31 de março de 1964 um golpe militar. Ele considera que a sociedade, reunida e percebendo o perigo que o país estava vivenciando naquele momento, juntou-se, civis e militares, e nós conseguimos recuperar e recolocar o nosso país em um rumo que, salvo o melhor juízo, se isso não tivesse ocorrido, hoje nós estaríamos tendo algum tipo de governo aqui que não seria bom para ninguém”, completou.

Segundo o jornal “O Estado de São Paulo”, generais da reserva que integram o primeiro escalão do Executivo estão preocupados com as insistentes polêmicas do governo e querem evitar “ruídos desnecessários”. Ainda mais diante do clima político acirrado que tem como prioridade, agora, realizar a reforma da Previdência.

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