Bolsonaro chama mercado de ‘nervosinho’ e diz que não vai furar teto

Jair Bolsonaro em live desta quinta (21). Foto: Reprodução do YouTube

O presidente Jair Bolsonaro ironizou, durante a live desta quinta-feira (21), a reação do mercado à criação de despesas que ameaçam o teto de gastos. Ao comentar sobre o Auxílio Brasil e a proposta de oferecer R$ 400 a cerca de 750 mil caminhoneiros para compensar a alta no preço dos combustíveis, o mandatário disse que o mercado ficou “nervosinho”.

“Vão ter novos reajustes dos combustíveis? Por que vou negar isso daí? Estamos buscando solução. O auxílio de R$ 400 para caminhoneiros, que vai estar abaixo de R$ 4 bilhões por ano, dentro do Orçamento. Daí o mercado fica nervosinho”, afirmou.

Bolsonaro argumentou que a decisão de conceder benefício a famílias de baixa de renda de, no mínimo, 400 reais, respeitará o teto, em um dia marcado por tensão no mercado financeiro por temores com a responsabilidade fiscal.

“Por que buscamos cumprir o teto de gastos? Porque não queremos o desequilíbrio das finanças no Brasil. Vem o desequilíbrio, a inflação explode, todo mundo perde com isso. Tem gente botando fogo, lenha na fogueira. Quer resolver o problema do Brasil ou quer derrubar o presidente? Você que está botando lenha na fogueira: diga o que tem que fazer”, continuou.

Ao afirmar que há espaço orçamentário para a concessão do Auxílio Brasil, que terá um adicional temporário para chegar aos 400 reais, Bolsonaro comemorou a aprovação do texto-base da PEC dos Precatórios em comissão especial da Câmara e parabenizou o Congresso por dar “o primeiro passo”.

O parecer da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi adaptado para abrir um espaço fiscal de mais de 80 bilhões de reais em 2022.

A solução para cumprir os 400 prometidos pelo presidente para o Auxílio Brasil partiu da ala política do governo, deixou para trás o ministro da Economia, Paulo Guedes, e um teto de gastos fragilizados.

Durante a fala, o chefe do Executivo federal evitou se aprofundar no assunto e fez apenas referências laterais à demissão do secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e de outros auxiliares do Ministério da Economia.

“Tem secretário que quer fazer valer sua vontade”, disse, ao falar sobre decisões que dividiram os economistas do governo.

“Então, ministro deu decisão, vamos gastar dentro do teto [de gastos], as reformas continuam, a Administrativa, a Tributária”, assinalou, num pequeno aceno ao mercado, que respondeu à crise com números bem negativos: o dólar subiu a R$ 5,66, e a Bolsa de Valores caiu 2,75%.

O presidente afirmou mais cedo que o ministro da Economia, Paulo Guedes, seguirá no cargo mesmo após a debandada de secretários do governo, causada por desentendimentos sobre a possibilidade de furar o teto de gastos.

Além do desfalque na equipe econômica, outra demissão surpreendeu o mercado: a saída do secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, José Mauro Coelho.

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