Presidente do BNDES diz que ‘armas pesadas entram no Rio pelo cais do porto’

Paulo Rabello de Castro. Foto: Divulgação

Paulo Rabello de Castro. Foto: Divulgação

O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, honrou o seu estilo de dizer abertamente o que pensa em qualquer lugar e diante de qualquer plateia. Ao proferir a palestra de abertura intitulada “Em busca de uma guinada para o Rio de Janeiro”, no Fórum Exame RJ patrocinado pelo Sistema Fecomércio, no hotel Hilton, em Copacabana, ele defendeu uma definição mais clara do papel a ser desempenhado pelas lideranças fluminenses e cariocas.

“O Rio precisa decidir se é uma cidade ou um estado?”, questionou. Ele mesmo respondeu: “Aquilo que imaginávamos para nós, acabou. Precisamos criar outra coisa”, disse. “O Rio mais do que um rol de providências, precisa é uma virada”, disse Rabello.

Ao discorrer sobre os vários problemas do Rio, inclusive os causados pela ausência de segurança pública, o presidente do Banco responsável pela administração de liberações que nos primeiros 9 meses deste ano somaram R$ 49,9 bilhões falou com todas as letras que “as armas pesadas entram no Rio pelo cais do porto”. E, mais adiante, ele reforçou que a “população só se sentirá dona do espaço quando o morador tiver o seu título de propriedade e aí ajudará a sociedade a enfrentar o crime organizado. Entre uma afirmação e outra, ele, com bom humor, virou-se para onde estava sentado o secretário municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação, um dos principais auxiliares do prefeito Marcelo Crivella e provável candidato ao governo do estado no ano que vem, que a tudo anotava: “Presta atenção, Indio (da Costa), estes problemas poderão ser seus…”.

Mais adiante, questionado por qual razão na sua explanação ele teria passado ao largo do tema “corrupção”, apesar de elogiar o juiz Sergio Moro e a Operação Lava-Jato, Rabello fez um comentário que, apesar de não ser novo, deixou a percepção na plateia que somente as ações da Justiça não serão suficientes para resgatar o Rio e o país da difícil situação econômica em que se encontra. E alertou que a economia do Rio foi a que mais sofreu por causa dos problemas na Petrobras, dos erros na administração da indústria naval, e a descontinuidade do setor construção civil: “na água suja da corrupção jogamos o bebê fora”.

Após a palestra, Rabello de Castro informou aos jornalistas que o BNDES espera desembolsar 97 bilhões de reais em 2018, uma alta de cerca de 26 por cento em relação à previsão de 77 bilhões em 2017. Segundo ele, o incremento nos desembolsos se dará na esteira da expectativa de um crescimento maior do PIB, de cerca de 3 por cento em 2018. “Os 77 bi devemos atingir sem coeficiente extra de aceleração. Gostaríamos de chegar a 80 bilhões se conseguirmos acrescentar mais 500 milhões por mês no BNDES Giro”, acrescentou referindo-se à linha de financiamento do banco para capital de giro das empresas. A intenção de Rabello é dirigir suas forças para as pequenas e médias empresas.

O SRzd conversou com empresários que assistiram à palestra e eles disseram que nesta segunda-feira o gestor e economista Rabello de Castro deixou-se tomar conta pelo candidato à presidência da República e que, nas entrelinhas, foram deixadas sementes de discordâncias com o pensamento do ministro Henrique Meirelles que também almeja sair candidato, mesmo que não confirme explicitamente. “Dois na mesma faixa, não dá, né?, brincou um presidente de uma entidade que assistiu ao Fórum.

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