Auxílio emergencial a dono da Havan retrata falhas no sistema de pagamentos

Luciano Hang e Jair Bolsonaro. Foto: Marcos Corrêa/PR

Menos de 20 dias depois da polêmica envolvendo o filho do apresentador William Bonner constar na base de dados do auxílio emergencial, programa de transferência de renda do governo federal para trabalhadores informais — medida de combate aos danos econômicos causados pela pandemia da Covid-19, outro nome conhecido é mencionado.

Trata-se do empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan. Considerado pela revista Forbes como um dos bilionários do Brasil, ele teve seu nome relacionado ao auxílio. A informação foi revelada na madrugada desta terça-feira (2) pelo grupo de hackers Anonymous Brasil. Não é possível saber se ele foi vítima de uma fraude, de alguém fazendo o cadastro em nome dele.

De acordo com o site do auxílio emergencial, Hang, que é alidado do presidente Jair Bolsonaro, teve o auxílio aprovado, enviado para crédito e depositado. A conta de destino, porém, não foi informada, nem as datas de quando foi feito o cadastro ou de quando foi recebido o benefício de R$ 600.

Em uma publicação no Twitter atribuída ao grupo, hackers tentaram usar o nome, CPF, data de nascimento e o nome da mãe do empresário para cadastrá-lo no auxílio emergencial. Ao preencher o formulário com os dados, o sistema da Caixa informou que Luciano Hang já estava cadastrado e recebeu a primeira parcela de 600 reais do programa, no entanto, nesta terça-feira (2), o portal mostra que a conta está sendo reavaliada, conforme a mensagem: “Seu cadastro foi identificado com indícios de desconformidades com a Lei 13.982/2020 e está sendo reavaliado.”

Em nota, Luciano Hang condenou o vazamento de dados pelo Anonymous e pediu investigações a Polícia Federal tanto pela divulgação de suas informações pessoais como no cadastro indevido ao auxílio. O empresário se defendeu nas redes sociais, afirmando que a solicitação não foi feita por ele.

“Sou a favor do auxílio. Acho uma ótima medida do governo para ajudar o povo, principalmente os mais pobres, que têm sofrido demais com essa crise mundial. Sou contra aqueles que não precisam do dinheiro e mesmo assim pegam e prejudicam quem realmente necessita do auxílio”, escreveu o empresário, ressaltando que foi lesado com “esses atos criminosos” e pediu que os autores sejam condenados e punidos.

Auxílio emergencial

O auxílio emergencial é, pela lei, concedido a trabalhadores informais (ou seja, sem registro em carteira), microempreendedores individuais, autônomos que contribuem para o INSS e também beneficiários do Bolsa Família. O principal requisito do programa é ter renda de até meio salário mínimo (522,50 reais) ou até três salários mínimos na família (3.135 reais).

O governo afirma que os dados informados são de responsabilidade do pleiteante e que, tentativas de burlar a legislação do auxílio estão sujeitas a devolução do auxílio. Até o momento, o governo informou ter disponibilizado 154 milhões para os pagamentos.