Atos não foram suficientes para Bolsonaro vencer crise, dizem analistas

Manifestação. Foto: Reprodução de Internet

Neste domingo (26), manifestantes ocuparam as ruas de dezenas de cidades brasileiras em apoio ao governo de Jair Bolsonaro. O tamanho da mobilização, porém, não parece suficiente para fortalecer o presidente nas negociações com o Congresso Nacional, na opinião de analistas políticos ouvidos pela “BBC News Brasil”. Com isso, afirmam, a tendência é de continuidade da crise política.

Os atos foram convocados em resposta aos protestos realizados em 15 de maio contra os cortes anunciados no Orçamento da Educação. Embora milhares de pessoas tenham comparecido às ruas em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a mobilização nacional não superou o movimento de oposição ao governo e ficou aquém dos protestos massivos que marcaram o país em 2013 e pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2015.

Os cinco meses de administração Bolsonaro têm sido marcados por uma relação difícil com o Congresso, uma vez que o presidente não construiu uma base de apoio ao seu governo sob a justificativa de implementar uma “nova política”, sem “toma lá dá cá” envolvendo distribuição de cargos na máquina federal.

Diante da tensão entre Planalto e Parlamento, as manifestações deste domingo foram marcadas por ataques ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o chamado Centrão, um conglomerado de partidos que não apresenta posicionamento ideológico claro mas tem, com frequência, se alinhado às siglas que fazem oposição. Viu-se também muitas falas e cartazes a favor da aprovação da reforma da previdência, do pacote anticrime de Moro e com ataques ao Supremo Tribunal Federal.

“As manifestações mostram que Bolsonaro tem apoiadores dispostos a ocupar as ruas, mas não é um mito de popularidade com capacidade de constranger o Congresso. O ato na Avenida Paulista (em São Paulo) ocupou várias quadras, mas o público estava espalhado, deixando espaços vazios”, observou o cientista político Carlos Melo, professor do Insper.

Na opinião do cientista político Antônio Lavareda, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), as manifestações tiveram “tamanho proporcional à popularidade do presidente hoje”.

Jair Bolsonaro, que desistiu de comparecer ao ato por causa dessa controvérsia, passou o dia divulgando vídeos das manifestações pelo país em sua conta no Twitter.

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