Atos de 7 de setembro com salva de tiros podem causar danos aos animais, enfermos e idosos

Canhões posicionados no Forte de Copacabana. Foto: Reprodução do Twitter

Canhões posicionados no Forte de Copacabana. Foto: Reprodução do Twitter

A segurança já foi reforçada na orla da praia de Copacabana, um dos cartões postais da cidade do Rio de Janeiro, para os atos de 7 de setembro, com a presença do candidato à reeleição ao Palácio do Planalto Jair Bolsonaro (PL).

O evento é coordenado pelo Comando Militar do Leste e pela Prefeitura do Rio. No local, foi montado um palco para autoridades e não se sabe ainda se o presidente fará discurso. O palco foi estruturado perto do Forte de Copacabana, onde serão feitas salvas de tiros de canhão, de hora em hora, a partir das 8h.

O céu será cortado por aviões da Força Aérea Brasileira e da Esquadrilha da Fumaça. Paraquedistas também vão aterrissar nas areias da praia de Copacabana. Embarcações brasileiras vão sair do Recreio dos Bandeirantes em direção à Baía de Guanabara.


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Às 16h, horário aproximado da Proclamação da Independência, a frota da Esquadra Brasileira e a Artilharia estacionada no Forte de Copacabana devem executar salvas de 21 tiros em homenagem aos 200 anos de independência.

E é justamente sobre os disparos e todo o ruído provocado por aviões, que moradores do bairro têm se divido diante do evento, sobretudo, os mais idosos e aqueles que têm animais de estimação. Procurado pela reportagem do SRzd, o vereador Luiz Ramos Filho (PMN) alerta que este tipo de extrema poluição sonora pode levar até a morte dos animais, além de ser prejudicial aos idosos, enfermos e autistas.

“Estou seriamente preocupado, porque o som dos tiros vai deixar os animais extremamente estressados. Há casos em que o estresse é tanto que acaba causando uma grave crise, que pode até levar à morte do animal. Então, essa salva de tiros, barulho alto durante todo o dia, será extremamente prejudiciais aos bichos, e também aos enfermos, aos idosos, aos autistas. É um barulho muito incômodo é prejudicial, que pode levar à morte”, disse Ramos, que é
presidente da Comissão de Defesa dos Animais na Câmara municipal.

Sobre eventuais medidas que podem ser tomadas pela Câmara diante deste tipo de manifestação, Luiz comentou; “Infelizmente, a Câmara não pode impedir os tiros no evento de sete de setembro. Mas já está tramitando um projeto, de minha autoria, para proibir os fogos barulhentos. É possível substituir os fogos por shows de luzes. E seria interessante se as forças armadas, que vão promover os festejos do sete de setembro, também se sensibilizassem com a nossa causa e substituíssem os tiros por um espetáculo de luzes, que não prejudicaria ninguém”, explicou.

Luiz ainda deu orientações para que sejam minimizados os danos aos animais durante o feriado de amanhã; “A questão de fogos de artifícios é extremamente prejudicial em áreas urbanas. Não existe nada que efetivamente possa ser feito para que não haja sofrimento para os bichos. Só mesmo proibindo a barulheira. Ameniza, mas não resolve, levar o animal para o cômodo mais calmo da casa, fechar janelas, se possível climatizar o ambiente e ficar com o animal, enquanto a salva de tiros estiver acontecendo. Dar carinho,acolhimento e Ficar atento ao animal, de prontidão para levá-lo ao veterinário em caso de emergência”.

Luiz Ramos Filho. Foto: Acervo pessoal
Luiz Ramos Filho. Foto: Acervo pessoal

O problema do ruído e seus impactos é tão grave que motivou a proibição de fogos de artifício com som alto em cidades como São Paulo, Cuiabá, Campo Grande, Curitiba e Rio de Janeiro, além do Distrito Federal. A medida beneficia não só animais, mas também os idosos, autistas, bebês e enfermos.

Os cães têm a capacidade auditiva maior que a dos humanos e, para eles, barulhos acima de 60 decibéis, que equivalem a uma conversa em tom mais alto, podem causar estresse físico e psicológico, segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária.

O ouvido canino é capaz de perceber uma frequência maior de sons, se comparado a humanos, e podem detectar sons quatro vezes mais distantes. Por esse motivo, a queima de fogos e ruídos intensos, torna-se um momento de desespero para os animais, silvestres e domésticos.

“Esse é um problema seríssimo”, diz o médico-veterinário Daniel Prates. “Já atendi um cão que atravessou uma vidraça durante uma queima de fogos. Chegou aqui cheio de cacos de vidro enfiados na região de rosto, peito e pescoço. Por sorte não cortou a jugular ou entrou vidro nos olhos. Também atendi o caso de um cão que morreu de infarto”, contou Prates.

“Nesse momento não dá para fazer uma dessensibilização, mas a gente tem outras técnicas que podem ser utilizadas que amenizam o sofrimento dos animais”, lembra Kellen Oliveira, médica-veterinária e presidente da Comissão de Bem-Estar Animal do CFMV.

“Prepare o ambiente e acostume seu animal a um espaço fechado, que abafe o som dos fogos. Pode ser um quarto, a lavanderia ou a garagem. Não deixe seu pet em sacadas, perto de piscinas ou em correntes”, aconselha a entidade.

Prefeitura do Rio prepara esquema e logística

O evento do dia 7 de setembro terá esquema especial de trânsito e contará com monitoramento das câmeras do COR. A CET-Rio atuará com 74 agentes, nove veículos operacionais, 15 motocicletas, quatro reboques, além de disponibilizar seis painéis informativos. Não haverá a implantação da pista reversível na Avenida Atlântica e diversas vias do bairro terão proibição de estacionamento.

A partir das 13h está prevista a realização de uma “motociata” de motivação política. Ela terá início na altura do Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, na pista da praia do Flamengo, e seguirá pela Enseada de Botafogo, Avenida Princesa Isabel e Avenida Atlântica (pista dos prédios). As áreas de lazer no Aterro e em Copacabana não serão utilizadas para o deslocamento.

No evento em comemoração ao 7 de setembro, a prefeitura será responsável por montar os gradis de proteção, os equipamentos sonoros e a tribuna de honra. Em relação à manifestação política, será feito o acompanhamento pela CET-Rio para minimizar os impactos no trânsito.

A Secretaria de Ordem Pública (Seop) atuará nos eventos com suas coordenadorias, Rio+Seguro Copacabana e Guarda Municipal.

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