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Um mês após atentados, investigações não podem perder o timing da punição, por Sidney Rezende

Vandalismo no DF. Foto: Ricardo Stuckert

Vandalismo no DF. Foto: Ricardo Stuckert

Tudo precisa de tempo. Uma investigação policial bem feita não é aquela que lista culpados da noite para o dia. Senão o resultado abrirá margem para suspeitas. O processo judicial, por sua vez, exige como óbvio que os julgadores sejam isentos e livres de pressão vindas de grupos interessados em travar a lisura da decisão.

Mesmo assim, não se pode tolerar que os anos passem e ninguém seja punido.

O Bateau Mouche IV afundou no dia 31 de dezembro de 1988, matando 55 pessoas. Em 5 de dezembro de 1990, o juiz André Koslovsky condenou as empresas Bateau Mouche e Itatiaia Turismo a pagarem indenizações às famílias de seis vítimas do naufrágio. Vinte e dois anos depois ainda tinham parentes das vítimas que não receberam o que tinham direito.

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) anulou o julgamento em 2021 de quatro acusados de causar o incêndio que matou 242 pessoas em 2013 na boate Kiss, na cidade de Santa Maria (RS). E este é mais um processo que se arrasta nas entranhas da Justiça de eventual solução longínqua.

Quando os vândalos do dia 8 de janeiro serão punidos?

A lista de investigações policiais inconclusas e julgamentos que só aconteceram décadas depois do ocorrido, alguns nem tem data marcada, sugere que praticar crimes no Brasil nem sempre é certeza de que haverá punição.

A ação de vandalismo e destruição promovida por golpistas no dia 8 de janeiro deste ano foi grave demais para se perder o timing da punição. Por qual razão se deve oferecer condições de sobrevivência política aos que atacam a Constituição?

Aos que ainda não aceitam o governo eleito, é bom que as atuais autoridades saibam que o chamado “gabinete do ódio” continua ativo com suas estruturas de manipulação.

A tensão trazida pela tentativa de golpe já se arrefeceu. Ao ponto do ex-presidente Jair Bolsonaro se sentir seguro para retornar ao Brasil com a certeza de que não será preso. E nem seu nome envolvido em sucessivas tentativas de romper o tecido constitucional.

A oposição ao atual governo isenta-se de responsabilidade no episódio do início do ano. A passada de pano na cabeça dos golpistas e o pedido de anistia é diária. A estratégia agora é desviar a atenção para os erros praticados pela nova administração.

Mas e a punição aos criminosos?

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