Arcebispo de Aparecida critica fake news e pede pátria sem armas, ódio e mentira

Dom Orlando Brandes. Foto: Reprodução/Youtube

O arcebispo de Aparecida, em São Paulo, Dom Orlando Brandes, afirmou nesta terça-feira (12) que “para ser pátria amada não pode ser pátria armada” durante a missa das 9h, a principal do dia no santuário.

Dom Orlando começou a sua reflexão mencionando os povos indígenas, negros e as famílias enlutadas pela Covid-19, buscando expandir uma mensagem do Papa Francisco durante a sua visita ao Brasil em 2013. Em seguida,  fez um apelo pelo desarmamento.

“Para ser pátria amada, seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada, uma república sem mentira e sem fake news. Pátria amada sem corrupção. E pátria amada com fraternidade. Todos irmãos construindo a grande família brasileira”, disse o religioso durante o sermão.

“Pátria amada” é o slogan do governo de Jair Bolsonaro. O presidente é favorável ao armamento da população e é investigado em inquérito sobre disseminação de informações falsas que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

Brandes lamentou as mais de 600 mil mortes pela Covid-19 e defendeu a vacina e a ciência – ao longo da pandemia, Bolsonaro defendeu medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença e questionou a eficácia das vacinas.

“Mãe Aparecida, muito obrigado porque na pandemia a senhora foi consoladora, conselheira, mestra, companheira e guia do povo brasileiro que hoje te agradece de coração porque vacina sim, ciência sim e Nossa Senhora Aparecida junto salvando o povo brasileiro”, disse o arcebispo durante a quarta celebração do dia da padroeira em Aparecida.

Os ministros da Cidadania, João Roma, e da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, acompanharam a cerimônia. Bolsonaro está em Guarujá, litoral paulista, desde sexta-feira (8).

O santuário de Aparecida opera apenas com 30% da capacidade, recebendo 2,5 mil romeiros por celebração. O distanciamento entre os fieis tem sido respeitado e uso de máscara é obrigatório.

Em sua fala, Brandes citou, ainda, a fome, lembrando o caso de brasileiros que buscam restos de carne em ossos pra se alimentar. E pediu união: “Quero pedir que cada um de nós abrace o Brasil. Abrace o nosso povo. A começar pelo povo mais original, vamos abraçar os nossos índios, primeiro povo dessa terra. Vamos abraçar os negros, que logo vieram fazer parte desta terra. Vamos abraçar os europeus que aqui chegaram.”

Questionado se o sermão era um recado para Jair Bolsonaro, Brandes disse que que era uma mensagem “para todos os brasileiros”: “Respeitamos as autoridades mesmo discordando e falamos com a doutrina da igreja. Nós estamos quebrando a aliança com o ódio e a corrupção e para confirmarmos a nossa República e a democracia”.

Vale lembrar que  2020, Dom Orlando Brandes criticou a volta da impunidade e também as queimadas em biomas como Amazônia e Pantanal. Um ano antes, o sermão criticou o “dragão do tradicionalismo” e disse que a “direita é violenta e injusta”.

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