Após ameaças, Corinthians retira camisa com referência a Marielle de seu memorial

O diretor cultural do Corinthians, Carlos Roberto Elias, expôs em seu Twitter uma situação que tem o incomodado. Segundo ele, um grupo de conselheiros denominado “Fiéis Escudeiros” fez ameaças para que a camisa em homenagem a Marielle Franco fosse retirada do memorial do clube alvinegro.

“E, a ignorância persiste. Grupo de conselheiros manda recado que irão ‘invadir’ o memorial para tirar a camisa ‘na marra'”, escreve Carlos Roberto. O uniforme em questão foi usado pelo armador Gustavinho na comemoração da conquista da Liga Ouro de 2018, e contém o questionamento: “quem matou Marielle?”, diz a publicação em referência ao assassinato da ex-vereadora no dia 14 de março de 2018.

Carlos Roberto Elias também compartilhou uma carta que pede “a imediata exclusão de quaisquer alusões de cunho político, religioso ou de outra natureza não relacionadas às conquistas ou sua história dentro do âmbito esportivo dentro do memorial de nosso clube, como ocorre com a camisa direcionada à ex-vereadora do Rio de Janeiro”.

O documento assinado pelo grupo “Fiéis Escudeiros” é direcionada ao CORI (Conselho de Orientação). “Corajosos se escondem atrás de um ‘grupo'”, alfinetou o diretor cultural. A carta ainda afirma que repudiam o uso do clube como “palanque na exposição de ideias pessoais”.

Gustavinho, que se aposentou das quadras e atualmente é supervisor do sub-19 do basquete corintiano, repercutiu a notícia em seu Instagram. “É censura que fala?”, questionando sobre o pedido de retirada de sua camisa do memorial do Parque São Jorge.

Mais de um ano depois, a peça de roupa que foi doada ao memorial do clube e colocada em uma exposição sobre a história do basquete corintiano terminou com sua retirada após protestos de conselheiros do clube.

O Corinthians concordou em retirar a peça e manter apenas uma fotografia do momento no museu, alegando que a camisa não foi usada na partida, ao contrário dos outros itens em exibição.

A exposição “Corinthians Basquete” foi lançada na última sexta-feira (26) e aberta ao público no sábado (27), no memorial do clube no Parque São Jorge, na Zona Leste da capital paulista.

Marielle Franco foi uma vereadora do Rio de Janeiro então filiada ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) morta a tiros dentro de um carro na região central da cidade em 14 de março de 2018. O motorista do veículo, Anderson Gomes, também foi baleado e morreu. O crime segue em investigação, sem desfecho, e se tornou pauta na luta por direitos humanos.