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Alunas fazem protesto em colégio pelo direito de usar bermudas

Estudantes do Colégio Santo Inácio, localizado no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, fizeram um protesto pelo direito de usar bermuda.

De acordo com normas da instituição, as alunas só podem usar bermudas nas aulas de educação física. Fora destas atividades, elas devem usar uma calça com comprimento um pouco abaixo dos joelhos.

Estudantes de colégio no Rio protestam pelo direito de usar bermudas. Foto: Reprodução de TV

Na manifestação realizada na porta da unidade nesta sexta-feira (9) , as meninas do ensino médio alegam que, enquanto os garotos podem usar a peça de roupa em sala, elas são obrigadas a trocar de roupa depois da aula de ginástica.

As estudantes redigiram uma carta para apresentar à direção da escola, mas não teriam sido recebidas (veja na íntegra – mais abaixo).

Após o ato que contou com a presença de mães e teve também o apoio dos meninos, a direção do Colégio se comprometeu a dialogar com os representantes da turma.

Estudantes de colégio no Rio protestam pelo direito de usar bermudas. Foto: Reprodução de TV

“A Direção do Colégio Santo Inácio está acompanhando a reivindicação das alunas de trazerem para discussão temas da atualidade presentes no contexto educativo e social. Por isso, reitera que recebeu na manhã desta sexta-feira, 9 de março, uma comissão de alunos e pais para ouvir sobre as questões em pauta, e, conforme acordado na reunião, dialogará com os representantes de turma, canal legítimo eleito pelos próprios alunos, sobre essas questões, de acordo com seus princípios e valores, bem como, seu modo de ser e proceder”.

Carta das alunas do Ensino Médio à direção do Santo Inácio:

Excelentíssima direção do Colégio Santo Inácio,

Tomadas pelo sentimento da injustiça, insatisfeitas com as justificativas rasas das autoridades escolares e motivadas a argumentar pela igualdade de direitos, nós, alunas do Ensino Médio, redigimos esse documento com o objetivo de argumentar e propor uma solução plausível para o fenômeno que nos assola.

Em função do projeto de integração da Rede Jesuíta, um novo padrão de uniformes esportivos foi criado. Dentro desse quadro, conta um modelo de bermudas femininas e masculinas, que inicialmente, foi consagrado para uso no período de Educação Física. Com o passar do tempo, no entanto, apenas alunos do sexo masculinos foram autorizados a usufruir da bermuda rotineiramente. Ambos os modelos criado representam uma tentativa mais leve, confortável e arejada em comparação a clássica calça jeans escura. Isso é reflexo da composição dos materiais e tamanho da bermuda esportiva em contraponto a calça jeans.

Em relação a altura das bermudas esportivas, não há diferença entre o modelo masculino e o feminino. Entretanto, apenas as meninas são penalizadas pela instituição quando usufruem em dias convencionais (sem aula de Educação Física) ou até mesmo quando tem licença médica (em caso da necessidade de uma bota ortopédica). Já os meninos (em sua gritante maioria) usam todos os dias sem receber embargos da escola.

De acordo com o artigo 5º da Constituição de 1988, que alega no preâmbulo 1: “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”. Com isso, não existem embasamentos jurídicos por parte da posição adotada pela Instituição que sirva como justificativa para apenas os meninos serem aptos a usufruir de conforto do vestuário enquanto as meninas são advertidas. É importante ressaltar que, em média, as garotas do Ensino Médio ficam 7 horas com o uniforme (contando com aula a tarde e tempo de locomoção) e que em uma cidade quente como o Rio de Janeiro, é uma dificuldade a ser enfrentada.

O principal argumento apresentado pelo Colégio foi evitar que as garotas atraiam olhares causando a distração dos meninos durante as aulas. Essa justificativa representa uma posição extremamente machista e objetificada da mulher, que não condiz com a identidade inaciana. Até quando comportamentos como esse serão tolerados? Até quando vamos revogar liberdades femininas ao invés de ensinar os meninos a respeitá-las?

Gostaríamos de reforçar que todas as opções de uniforme de esporte foram aprovadas pela Instituição e que portanto não há sentido em permitir a utilização diária de apenas parte do uniforme. Conjuntamente, não há intenções de revogar direitos masculinos com esta carta, mas sim ampliar igualmente os das mulheres.

Finalmente, gostaríamos de agradecer ao Colégio Santo Inácio pela abertura ao debate e reflexão conjunta. Suplicamos que a situação de desigualdade de direitos dentro da Instituição seja reavaliada.

Redação SRzd

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