Aloysio Nunes é apontado como coordenador de propinas no PSDB

Aloysio Nunes. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Aloysio Nunes. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-senador Aloysio Nunes do PSDB foi apontado como o coordenador de esquemas de propinas do partido em esquema com a empreiteira OAS, de acordo com delação do ex-presidente da empresa, Léo Pinheiro.

Segundo dados obtidos pelo jornal “Folha de São Paulo”, em parceria com o site “The Intercept” , Pinheiro teria apontado que Nunes tinha papel central no repasse de verbas da empreiteira para campanhas do partido.

Nos documentos divulgados pelos jornalistas José Marques, Felipe Bachtold e Paula Bianchi, Aloysio é citado como solicitante de repasses em troca da liberação de verbas em obras da prefeitura e do Governo de São Paulo.

De acordo com Léo Pinheiro, os pedidos aconteceram nas campanhas de 2006 e 2010, tanto dele como de Serra.
Em 2006, Serra venceu a disputa ao Governo de São Paulo. Em 2010, disputou e perdeu a Presidência, e Aloysio se elegeu ao Senado.

Entre as obras ligadas ao PSDB de São Paulo que o empresário cita como alvo de suposto desvio estão a ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira, o túnel da Radial Leste, a rodovia Carvalho Pinto e a linha 4-amarela do Metrô.

O empreiteiro Léo Pinheiro saiu da prisão na última terça-feira (17), após ter seu acordo de colaboração homologado no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele estava preso em regime fechado desde 2016. Em sua delação, ele afirmou que os pagamentos eram feitos em espécie a nomes indicados por Aloysio.

Em um trecho de relatos da proposta de delação com depoimentos de Léo Pinheiro, obtidas pela publicação, Léo Pinheiro diz que, em 2007, já na gestão Serra no Governo de São Paulo, Aloysio se reuniu com representantes de cinco grandes empreiteiras na casa de um suspeito de operar para o PSDB e solicitou propina de R$ 5 milhões. Em troca, as empresas esperavam a liberação de R$ 180 milhões relativos à construção da linha 4-amarela do Metrô. Pinheiro diz que autorizou o pagamento da parte da OAS, R$ 1 milhão, em espécie, para o então deputado Rodrigo Garcia (DEM), hoje vice de João Doria (PSDB) no governo.

Aloysio Nunes. Foto: Reprodução

As outras duas menções a Aloysio Nunes são a respeito das eleições de 2010, quando Serra concorreu ao Planalto e ele, ao Senado por São Paulo. Ambas fazem referência às obras da rodovia Carvalho Pinto. O empresário afirmou que, em reunião com Aloysio e Márcio Fortes (então presidente da estatal Emplasa), o futuro senador solicitou 10% em troca de créditos pendentes da empreiteira.

“Aloysio ainda deixou claro, durante a reunião, que para que houvesse recebimento dos créditos pendentes seria necessária uma audiência com o governador José Serra para informar que a OAS iria dar continuidade às obras da linha 4 do Metrô”, diz Léo Pinheiro no documento.

Ainda em sua delação, Léo Pinheiro teria dito que o envolvimento com Nunes começou em 2005, após Serra se tornar prefeito. O esquema teria prosseguido depois que ele deixou a prefeitura e Kassab assumiu o cargo, em 2006.

Nos últimos anos, Aloysio se tornou ministro das Relações Exteriores do governo Michel Temer (MDB) e, neste ano, virou presidente da Investe SP, agência de estímulo a investimentos no estado, do governo João Doria.

Aloysio Nunes deixou o cargo que ocupava na atual gestão do Governo de São Paulo em fevereiro, após ser investigado na 60ª fase da Operação Lava Jato. Ele negou que tenha pedido propina e disse que os valores eram referentes a doações de campanha, feitos legalmente.

O ex-prefeito Gilberto Kassab disse que nunca teve relação próxima com Léo Pinheiro e que jamais fez reunião com a finalidade de manter pagamentos ilegais. O senador José Serra e a defesa de Léo Pinheiro não se manifestaram até a publicação desta nota.

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