‘Agora não pode mais prender jornalista, né?’, diz Moro após garantir que segue no governo

Sergio Moro em participação no Pânico, da Jovem Pan. Foto: Reprodução de Internet

Sergio Moro em participação no Pânico, da Jovem Pan. Foto: Reprodução de Internet

Durante entrevista concedida ao programa “Pânico”, na rádio Jovem Pan, na manhã desta segunda-feira (27), o ministro da Justiça, Sergio Moro, ironizou uma brincadeira de um dos entrevistadores, dizendo que “agora não pode mais prender jornalista”. A afirmação de Moro acontece menos de uma semana após o indiciamento do jornalista Glenn Greenwald, editor do site “The Intercept”.

Moro fez o comentário após o jornalista André Marinho, um dos entrevistadores, imitar a voz do ministro em uma pergunta.

“Eu não falo assim não hein”, disse. “Espero que você não me dê voz de prisão, ministro”, Marinho respondeu. Foi quando Moro soltou, sorrindo: “Agora tem a Lei de Abuso de Autoridade, não pode mais prender jornalista né?”.

Moro também lançou ironia ao abordar o documentário Democracia em Vertigem, de Petra Costa, indicado ao Oscar e que narra o processo que determinou a saída do poder da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016.

Questionado sobre o “relógio do juízo final”, que mede os ataques que podem por fim à vida no planeta, Moro citou o filme. “Onde fica o relógio eu não sei, mas vai sair um documentário sobre isso e pode concorrer ao Oscar”.

Indagado sobre o documentário, Moro revelou que assistiu, ressaltando que “tem alguns fatos ali que não correspondem à realidade”. “A cineasta é bastante honesta no começo quando ela fala ‘eu sou petista e o Lula é meu herói’. E o filme segue nessa toada”, afirmou.

Desgaste com Bolsonaro

Moro assegurou que a questão em torno da divisão de sua pasta – da Justiça e Segurança Pública – em duas está “pacificada”. O ministro revelou que o desgaste que esse tema gerou entre ele e o presidente Jair Bolsonaro foi resolvido após uma conversa entre ambos e que permanece no governo. Ele brincou: “Vai ser o segundo Dia do
Fico”.

Eleições 2022

Durante o programa, Moro frisou que não irá concorrer à Presidência nas eleições de 2022: “Já falei um milhão de vezes. Vou tatuar na testa. Em 2022, o presidente apontou que pretende reeleição. Eu sou ministro do governo e vou apoiá-lo. Tem uma questão de lealdade de estar lá”. Vale lembrar que, enquanto juiz, Sergio Moro também afirmou que não assumiria cargos políticos.

Juiz de garantias

O ministro voltou a criticar a figura do juiz de garantias, aprovado no pacote anticrime. Ele reclamou da regra que prevê um sistema de rodízio para possibilitar a atuação da Justiça em locais onde existe somente um juiz.

Sergio Moro em participação no Pânico, da Jovem Pan. Foto: Reprodução de Internet
Sergio Moro em participação no Pânico, da Jovem Pan. Foto: Reprodução de Internet

Ainda na entrevista, Moro questionou o regulamento: “Para funcionar teria que aprovar uma nova lei para retificar alguns equívocos graves que existem. Como vai funcionar o rodízio? Rodizio é de pizza”, ponderou.

O ministro continuou: “Uma coisa é um despacho por meio eletrônico, outra é todo o processo. No norte do país, tem comarca que fica a mais de 300 quilômetros de distância uma da outra. Isso [rodízio] precisa ser mais ponderado, mais pensado. O Congresso, se quiser mudar isso, tem que aprovar uma nova lei”, defendeu.

O rodízio de juízes determina que cada processo penal seja acompanhado por dois juízes: o juiz de garantias, que atua apenas na fase da investigação criminal, e, a partir do recebimento da denúncia, o processo fica a cargo de outro magistrado.

Moro comentou as mudanças no texto original do pacote anticrime. “Inseriram algumas questões que não são da minha concordância. Eu discordo de algumas coisas, mas acredito que são contornáveis pela interpretação do juiz. Os juízes vão ter que contornar, não tem nada tão comprometedor”, finalizou.

Lula

Moro também reclamou da não execução da pena após decisão de segunda instância. A crítica veio ao comentar a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“O correto era sair após ter cumprido toda a pena dele. Eu vou ajudar o Congresso a aprovar o projeto de lei da execução da pena em segunda instância. Isso é algo que transcende o Lula”, ressaltou.

Vaga no STF

Moro foi questionado sobre a possibilidade de ser indicado por Bolsonaro para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) e respondeu que essa é uma “perspectiva interessante”.







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