Presidente da Abit diz que “existe confusão” sobre a importância da “defesa comercial”

Fernando Valente Pimentel - Presidente da ABIT. Foto: Divulgação

Fernando Valente Pimentel – Presidente da ABIT. Foto: Divulgação

Na terça-feira(18) se soube a intenção do Governo Federal de fazer uma revisão da política antidumping do Brasil. O secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Marcello Estevão, afirmou que as atuais medidas de defesa comercial prejudicam o país, configurando uma situação, em suas palavras, “bizarra”.

O secretário está seguro de que o Brasil só mudará para melhor se mexer nas suas políticas comerciais, pois “o fechamento da economia brasileira é um escândalo, sendo o Brasil a 4ª economia mais fechada do mundo, com proporção do comércio de apenas 27,4% do PIB”.

A forma apressada e unilateral como Marcello Estevão tratou do assunto foi pessimamente recebida nos círculos produtivos do setor industrial brasileiro. A primeira reação o leitor do SRzd pode perceber no artigo publicado aqui no mesmo dia 18.

Em artigo exclusivo preparado especialmente para publicação no portal, os consultores José Ricardo Bernardo, Josefina Guedes e Marcos Imamura alertaram os leitores para o equívoco da ideia difundida pelo secretário Marcello Estevão.

Conversamos com vários líderes empresarias que também se colocaram críticos pela forma como o tema foi abordado pela autoridade.

Depois de ressalvar que trataria do assunto, mas sem dar-lhe caráter pessoal,  Fernando Valente Pimentel, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), que assumiu a entidade este ano para o triênio 2017-2019, reconheceu, de fato, a necessidade de “eliminar a confusão de raciocínio que mistura defesa comercial e integração internacional. São duas coisas diferentes”, diz ele.

Pimentel esclarece o pontos que considera mais sensíveis: “Somos partidários da visão de que o Brasil precisa mesmo se inserir cada vez mais no mundo. Desde que atuo no setor…desde 1977…que lido com exportação e importação.Em muitas situações, medidas antidumping são necessárias e estabelecidas em regras claras da OMC.”

País competitivo é quando existe governo e empresas competitivas

Pimentel acredita que tudo isso faz parte de um esforço nacional em prol da modernização do Brasil. “O país competitivo é quando se tem governo e empresas competitivas. O governo – qualquer governo e não só esse que aí está – precisa ter um orçamento organizado e equilibrado; políticas de estado e não de Governo; simplificar a vida de quem investe; executar reformas; trabalhar pela redução de taxa de juros,mudanças na estrutura tributária, e estímulo ao crédito para incentivar a produção, e, por fim,  eliminar insegurança na área trabalhista,”.

O presidente da Abit fez esta lista para dizer que não é só o empresariado privado que tem a responsabilidade de competir frente aos demais concorrentes mundiais, mas também os governos tem muito o que fazer para equipar o setor produtivo. Atualizar o arcabouço legal é uma das tarefas.

Vale lembrar que o setor têxtil, e não é o único, enfrenta uma guerra sem fronteiras com a China, que exporta para o Brasil uma grande quantidade de produtos a preços muito baixos. A produção brasileira de têxteis e peças de vestuário pode voltar a crescer em 2017, após uma retração no ano passado, mas mesmo assim, tem enfrentado dificuldads. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) prevê crescimento de 1% no volume de produção tanto de materiais têxteis como de vestuário .

Em 2016, houve uma queda de 6,7% na quantidade de peças de vestuário produzidas. O volume terminou o ano em 5,41 bilhões de peças. Já a fabricação fios e tecidos caiu 5,3% no ano passado, chegando a 1,7 milhões de toneladas.

O recuo na produção em 2016 ocorreu em meio à retração do mercado doméstico e também das exportações. O volume de exportação recuou 3,7% no ano passado, chegando a 199 mil toneladas de produtos têxteis e de vestuário.

Além de enfrentar a retração do varejo, o setor vê novas ameaças quando se retirar instrumentos legais que todos os países utilizam, como mecanismos defesa comercial.

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