2023, o ano que guarda muitas emoções, por Sidney Rezende

Lula. Foto: Ricardo Stuckert

Lula. Foto: Ricardo Stuckert

O Brasil sob nova direção terá o comando do mais importante político da história brasileira após a redemocratização. Com exceção da implantação do Plano Real, que estabilizou a moeda, e o PT foi contra, tudo o mais girou em torno deste homem de origem humilde, nordestino – fora do eixo econômico das regiões mais ricas – , que contra todos os prognósticos chegou ao topo do poder de uma potência mundial.

Mesmo durante o período Jair Bolsonaro, inusitado na forma e conteúdo das práticas, ainda que Lula estivesse preso, o ex-torneiro mecânico foi uma sombra inconveniente.

Lula é visto com o nariz torcido pelo empresariado, integrantes do mercado financeiro, Forças Armadas, conservadores e pelas cúpulas religiosas. Mas amado pela maioria dos pobres. Ao olhar para 2023, um dos erros mais fáceis de ser cometido é acreditar que, nesta nova gestão, Lula fará exatamente da mesma forma como conduziu suas outras administrações. Nos próximos dois anos, Lula andará sobre uma corda bamba, em cima do fio da navalha e evitará contrariar as forças que sustentam a injustiça e repousam ricos e poderosos de sempre.

A chegada de um novo tempo é a materialização da esperança justamente porque se pode corrigir o que não deu certo até agora.

Como se espera que nos dois últimos anos Lula finalmente desabroche, recomenda-se que desde já ele adote o conceito de “qualidade”: “fazer o certo”, “rápido” e “acertar da primeira vez”. Mas se algo der errado, “faça novamente”. A chegada de um novo tempo é a materialização da esperança justamente porque se pode corrigir o que não deu certo até agora.

Lula venceu Bolsonaro nas urnas, mas está longe de liquidar o “bolsonarismo” e a semente do fascismo insuflado por um tal de gabinete do ódio. Um dos desafios da política a ser desenvolvida por Lula é unir o Brasil, escapar do revanchismo, mas ser duro na aplicação das leis e jamais, sob uma única hipótese, flertar com a corrupção. A autoridade precisará ser restaurada porque a eleição presidencial de 2026 está bem ali na frente. E no meio do caminho virão eleições para prefeitos, vereadores e também a renovação de parte do Senado.

Em paralelo ao processo inesgotável da política, há de se jogar luz para a Justiça e a Cultura. E Economia, claro!

O ex-governador Flávio Dino, além de experimentado nas minúcias dos bastidores, sua experiência de juiz será vital para enquadrar foras da lei, golpistas e até terroristas de última hora. Mas nada mais espinhoso do que o caminho que Fernando Haddad vai trilhar. Aquele que parece ser o preferido por Lula para sucedê-lo, que não terá chance alguma se errar a mão. Suas pretensões políticas serão frustradas se a inflação voltar; por isso, o equilíbrio fiscal é importante. Só haverá a geração de empregos se as contas forem arrumadas com rigor máximo. Escreva na sua agenda outro fenômeno ainda oculto, a mosca azul pode aparecer, com seus diabinhos de sempre, e soprar que Janja bem poderia ser uma Eva Perón.

A Cultura, sob a batuta de Margareth Menezes, é outro setor que carece de uma recuperação urgente. Bolsonaro tem ódio desse segmento. Lembre-se que ele alertou seus seguidores que, eleito, Lula transformará clubes de tiro em bibliotecas.

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