Ponte 2020: Enredo fica confuso, samba não ajuda e escola faz desfile frio
Com e sem elos
Terceira escola a desfilar, a Unidos da Ponte entrou na Avenida nesta sexta-feira (21) para apresentar ‘Elos da Eternidade’. A escola tentou contar a ligação do homem com os feitos que ficam marcados na história, mas faltou criar o elo principal entre seu próprio tema. A proposta passou de forma confusa e dificultou o entendimento do público. O samba também não ajudou. Em um andamento cadenciado, não permitiu que a escola explorasse maior empolgação. Na parte plástica, se destacaram algumas soluções criativas e de bom gosto nas alegorias, assim como certas volumetrias de fantasias. O acabamento, contudo, deixou a desejar.
Fala, Rachel!
“Primeira escola a desfilar sob chuva esta noite, a Unidos da Ponte pecou sobretudo pela inconsistência do enredo. Fantasias vistosas não conseguiram disfarçar a falta de sequência lógica. Além disso, o samba não ajudou nada. Fraco, arrastado, não empolgou nem o mais dedicado componente.”
Fala, Luiz!
“Muito aquém da Ponte que a gente conhece. Parecia ir bem, mas pecou no enredo. Muito confuso e difícil de ser entendimento. Tem momentos que a gente não pode tentar intelectualizar muito a escola de samba. Vale temas mais fáceis para que a gente possa interagir com eles. Muitas fantasias eram enxertadas. Não foram feitas para esse ano. Deviam ser de segunda ou terceira mão. A escola não me agradou em cheio. O desfile acabou sendo complexo e de difícil compreensão. Não foi um bom desfile.”
Comissão de frente
Intitulada “O Caos”, a comissão de frente trazia uma representação do Big Bang e fazia uma relação com o samba. Os integrantes trocavam de roupa durante a apresentação e se tornavam sambistas da velha guarda. Ao final, a frase ‘E o samba resiste’ era exibida’. A execução da ideia ficou confusa e a exibição não convenceu.
“Leo Torres e Daniel Ferrão repetem a parceria à frente do quesito da Unidos da Ponte. Mais uma vez, a chuva esteve presente em parte do desfile, o que não diminuiu em nada o brilho da apresentação. A comissão teve soluções cênicas bem interessantes mesmo que o caminho escolhido não tenha sido tão claro”, disse o comentarista do SRzd Marcio Moura.
Casal de mestre-sala e porta-bandeira
Vestidos com uma bela e luxuosa fantasia, o casal de mestre-sala e porta-bandeira Yuri Souza e Camyla Nascimento representaram “Cosmos – O universo como primeira melodia”. A dupla teve destreza para superar a chuva e o vento. A porta-bandeira manteve o pavilhão esticado e não teve problemas durante a exibição. Ao mestre-sala, faltou um pouco mais de evolução nos passos.
“O casal apresentou a bandeira, aos julgadores, realizando o bailado acrescentado novos movimentos, passos e gestos numa performance bem ensaiada. Houve sintonia na execução dos movimentos obrigatórios e sincronia dos movimentos coordenados da dupla na integração com os movimentos acrescidos. A inclusão de movimentos ampliou o tempo de execução do bailado e a ocupação do espaço de apresentação diante da cabine. A passagem da dupla pela Avenida transcorreu com alegria”, disse a comentarista do SRzd Eliane Santos de Souza.
Alegorias e adereços
As alegorias da Ponte trouxeram algumas soluções criativas e interessantes, tendo em vista à grande crise financeira que assolou as agremiações do grupo neste pré-carnaval. O segundo carro, por exemplo, impressionou pelo belo jogo de cores.
Os pontos negativos da plástica ficaram por conta das falhas de acabamento. A escultura principal e central do abre-alas teve sua cabeça danificada e ficou caída para trás. Outros pequenos problemas também foram percebidos ao longo do conjunto alegórico, como bem pontuou o comentarista do SRzd Wallace Safra.
“O conjunto de alegorias deixou a desejar na plástica e nos acabamentos. A escola apostou em alguns movimentos, mas pecou principalmente no cuidados com as finalizações, sem dar muita atenção a partes importantes das alegorias.”
Fantasias
O conjunto de figurinos foi um ponto positivo do desfile da Ponte. A escola se esforçou para facilitar a leitura do enredo nas roupas, mas ainda assim não foi suficiente para tornar o enredo claro ao público. A passagem de cores entre alas foi harmoniosa e os figurinos tiveram boas soluções na fuga da crise financeira.
“A escola apresentou um conjunto de fantasias com uma plástica singular, explorando de uma forma inteligente a arte plumária no trabalho com as penas artificiais, além disso, foram bem trabalhados também os acetatos e o desenvolvimento das placas nas cabeças. Os acabamentos foram regulares, deixando a desejar em algumas alas, principalmente na finalização dos costeiros. Destaque para a fantasia do primeiro casal de mestre sala e porta bandeira, para os destaques de chão da escola e para o mestre de bateria, que estava ousado e impecável. Parabéns ao mestre Vitinho, pelo cuidado e respeito com o público e com a agremiação”, disse Wallace Safra, comentarista do SRzd.
Enredo
Um quesito que a Ponte pode ter problemas na apuração. O tema “Elos da Eternidade” passou de forma confusa e difícil de ser entendida pela Avenida. As leituras de cada carro e fantasia, separados, não era ruim, mas no conjunto da obra foi complicado assimilar a proposta do carnavalesco Lucas Milato. Um exemplo era o próprio início de desfile, onde a comissão de frente fazia uma relação entre o Big Bang e o samba.
Samba-enredo
A obra da Ponte tem qualidades, tendo como pontos fortes a letra e o final da segunda parte. A composição, contudo, não passou de forma satisfatório pela Avenida, apesar do empenho e esforço do carro de som comando pelo intérprete Leandro Santos.
Bateria
A bateria da Ponte foi uma grata surpresa nesta sexta-feira de Carnaval (21). Com segurança, ritmo e bossas bem elaboradas, os ritmistas de mestre Vitinho fizeram o dever de casa e podem ir confiantes para apuração. Um dos destaques foi a paradinha realizada na final da segunda parte do samba, quando deixavam o trecho da obra para o canto dos componentes. Pena que não foi tão bem correspondido.
“O performático mestre Vitinho apresentou bossas complexas e uma performance surpreendente, junto com seus diretores, aos julgadores. Com a bateria pesada, a ‘Ritmo Meritiense’ desfilou e valorizou o fraco samba da escola”, disse Bruno Moraes, comentarista do SRzd.
Harmonia
A harmonia da Unidos da Ponte teve um desempenho irregular. Apesar da boa performance do carro de som em consonância com a bateria, os componentes deixaram a impressão de que poderiam ter ido além. Faltou volume de canto em várias partes do samba. Algumas alas passaram com a maioria dos seus integrantes sem saber o samba-enredo.
Evolução
A Ponte não teve graves problemas no quesito. A escola passou no tempo, sem mudanças bruscas de andamento e clarões aparantes. A agremiação deixou a desejar na própria evolução dos componentes, que não mostraram animação e muito empenho durante a passagem pelo Sambódromo.
Ficha técnica
Enredo: “Elos da Eternidade”
Presidente: Rosemberg Azevedo
Carnavalesco: Lucas Milato
Intérprete: Leandro Santos
Mestre de Bateria: Vitinho
Rainha de Bateria: Rosana Farias
Comissão de Frente: Léo Torres
Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Yuri Souza e Camyla Nascimento
Nota da galera
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