Mangueira proíbe torcida organizada e intérpretes de outras escolas em disputa de samba

Concurso de samba-enredo da verde e rosa para 2020 tem novas regras. Foto: Divulgação

A Mangueira modificou importantes regras do modelo de disputa de samba para a próxima temporada. Para privilegiar a obra dos compositores e diminuir a influência do dinheiro no concurso, a escola decidiu abolir torcida e intérpretes de outras agremiações. A gravação dos sambas será padronizada, em um estúdio oferecido pela verde e rosa, e os gastos para os compositores não passarão de R$ 4,8 mil por inscrição. A informação é do colunista Anderson Baltar, do UOL.

“O compositor é o agente principal do desfile e tem sido esvaziado por causa do poder do capital. As disputas viraram uma indústria e, para combater essa situação, faremos um concurso em que o poder do dinheiro não terá lugar”, disse o carnavalesco Leandro Vieira, que planejou as novas regras das eliminatórias com o novo presidente da Mangueira, Elias Riche.

Leandro Vieira ao lado do presidente da Mangueira, Elias Riche. Foto: Thiago Mattos/Divulgação

Cada parceria contará com no máximo quatro compositores e a disputa está aberta a poetas de qualquer escola de samba. A inscrição, que poderá ser feita pela internet, custará R$ 4,8 mil e será o único gasto das eliminatórias. A primeira metade deverá ser paga no ato, a segunda, antes da disputa começar. O dinheiro será usado pela Mangueira para custear a gravação dos sambas, bancar despesas da quadra e produzir panfletos dos sambas – que serão padronizados e fabricados pela escola.

A gravação das obras será feita em estúdio contratado pela verde e rosa e estão proibidos intérpretes de outras agremiações, tanto para gravar o samba, como para defender na disputa. Os integrantes do carro de som da Mangueira cantarão todos os concorrentes.

Os clipes no YouTube, que parcerias mais renomadas divulgam, estão proibidos. A escola produzirá vídeos e veiculará nas plataformas. Qualquer gravação que compositores façam e divulguem será motivo de desclassificação, com exceção de vídeos gravados em quadra durante as eliminatórias para serem publicados em redes sociais.

Final de samba da Mangueira 2018. Foto: Adriano Rodrigues
Músicos e intérpretes da Mangueira gravação e defenderão sambas concorrentes. Foto: Adriano Rodrigues

Na disputa em quadra, cada samba se apresentará com dois cantores da escola, um violonista e um cavaquinista – também dos quadros da Mangueira. Quatro microfones serão destinados apenas aos compositores. A cada final de semana, será feito um sorteio, de modo que haja um revezamento de cantores e sambas.

Torcidas estão proibidas, assim como bandeiras, adereços, camisetas e outros acessórios. Cada parceria receberá 30 ingressos por noite de disputa, com horário certo para entrada dos convidados. A Mangueira poderá eliminar qualquer parceria que gere movimentação que se assemelhe à formação de torcida. O intuito da escola é observar a aceitação do samba em quadra por parte da comunidade.

Final de samba da Mangueira 2018. Foto: Adriano Rodrigues
Torcidas, adereços e camisas de sambas concorrentes estão proibidos para a disputa de samba da Mangueira de 2020. Foto: Adriano Rodrigues

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